Chácara Nazareth, a grinalda da Noiva

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Chácara Nazareth. (foto: acervo Cecílio Elias Netto)

É um dos mais valiosos e encantadores tesouros históricos de Piracicaba. E, por isso mesmo, preservado, protegido, conservado como se faz com relicários. Sua história vem dos tempos do Império, dos Souza Queiroz, Costa Pinto, Conceição, Silva Prado, Pacheco e Chaves. O nome da chácara é em homenagem à Maria Nazareth, filha do Conselheiro Costa Pinto. Aquele paraíso, quem o conheceu ou conhece pode dizer-se privilegiado. Sinto-me um deles. Pois privei da amizade muito próxima de João Pacheco e Chaves, um dos mais tradicionais e prestigiosos políticos de Piracicaba. Essa história, porém, seria tema para diversos livros…

João Pacheco e Chaves reunia, aos sábados e na varanda do sobrado histórico, alguns poucos convidados. Pude participar, muitas vezes, daqueles encontros, verdadeiros modelos ingleses, pois Dona Ruth, esposa de João, era de origem inglesa. Tudo, naquela propriedade, inspirou-se nas culturas europeia e inglesa. Em 1910, a Revista Brasil Magazine, impressa na França, refere-se à propriedade que, originalmente, tinha 1.000 alqueires: “É uma das mais fidalgas residências campestres do Brasil.” Descreve o salão, mobiliado ao estilo Luiz XVI, de alto requinte, portanto; cômodas inglesas recobertas de preto, copos de cristal nos quartos, “um verdadeiro castelo brasileiro”.

Uma pintura (de 1822) tem valor histórico inestimável, agora de posse de um dos descendentes: quadro — de três metros de base, por dois de altura — reproduzindo o juramento do Marquês de Monte Alegre como Regente do Império, tendo, ao lado, Diogo Feijó e José Bonifácio. Jane Conceição, filha de João Conceição, sofisticou ainda mais aquela relíquia histórica. Misteriosa, fidalga, intocável, pérola rara — o Chácara Nazareth é a grinalda da Noiva da Colina. Ela é a nossa Pasárgada. Lá,  piracicabano sente-se amigo do rei.

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Chácara Nazareth, interior da residência. (foto: acervo Cecílio Elias Netto)

[Estes conteúdo e imagem foram retirados do livro 250 Anos de Caipiracicabanidade”, de Cecílio Elias Netto, em co-autoria com Arnaldo Branco Filho e Marcelo Fuzeti Elias. Saiba mais sobre esta e outras obras publicadas pelo ICEN.]

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