Musas da Música Popular Brasileira (1)

Ó abre alas, que eu quero passar! Ó abre alas, que eu quero passar!

(CHIQUINHA GONZAGA)

Chiquinha-Gonzaga

Chiquinha Gonzaga (1847-1935) – primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil e, também, autora da primeira marchinha de Carnaval da história: ‘Ó abre alas’, composta em 1899.

No Brasil, não dá para falar da presença de mulheres na música sem citar as cantoras Florinda Grandino de Oliveira, Victoria Delfino dos Santos, Vicentina de Paula, Adileia Silva da Rocha e Abelim Maria da Cunha.

Opss! Florinda, Victoria, Vicentina, Adileia e Abelim? Quem são elas?

Citamos esses ícones do cancioneiro popular brasileiro com o intuito de valorizar ainda mais a historiografia de Francisca Edwiges Neves Gonzaga, a Chiquinha Gonzaga (1847-1935), primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil e, também, autora da primeira marchinha de Carnaval da história: ‘Ó abre alas’, composta em 1899.

Natural do Rio de Janeiro, Chiquinha se destaca pelo seu pioneirismo na história da cultura musical brasileira e por suas constantes lutas pelas liberdades no país. Não só enfrentou a opressora sociedade patriarcal como criou uma profissão inédita para a mulher: a de maestrina, rompendo barreiras inimagináveis para a época. Emergiu no cenário musical, em 1877, no Rio de Janeiro, tocando piano e compondo canções para consumo de salões, escandalizando a socialite carioca.

Causou um rebuliço ainda maior ao separar-se de Jacinto Ribeiro do Amaral, com quem se casou aos 16 anos, por imposição do próprio pai, José Basileu Gonzaga, general do Exército Imperial Brasileiro. Jacinto via o piano como rival e moveu uma ação judicial de divórcio perpétuo no Tribunal Eclesiástico, por abandono do lar e adultério.

Foi graças à Chiquinha que, em 1885, a imprensa utilizou pela primeira vez o termo ‘maestrina’ (até então não existia feminino para a palavra maestro) ao divulgar sua estreia no teatro com a opereta ‘A Corte na Roça’.

Filha de Rosa Maria, uma mulata de origem humilde, e neta de escrava, Chiquinha era uma abolicionista fervorosa. Oferecia partituras de porta em porta a fim de angariar fundos para a Confederação Libertadora e, com o dinheiro da venda de suas músicas, comprou a alforria de José Flauta, um escravo músico. Como autora de músicas de sucesso, sobretudo pela divulgação nos palcos populares do teatro musicado, foi vítima de exploração abusiva de seu trabalho, o que fez com que tomasse a iniciativa de fundar, em 1917, a primeira sociedade protetora e arrecadadora de direitos autorais do país, a Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (SBAT).

Não por acaso, o Dia Nacional da Música Popular Brasileira é comemorado em 17 de outubro, data em que ela nasceu.

Samba nasce na casa de uma mulher

Tia-Ciata

Considerado uma das principais manifestações culturais populares brasileiras, o ‘samba’ – gênero musical, oriundo de danças de raízes africanas – alastrou-se pelo território nacional no final da década de 1910 e quis o destino que ele nascesse na casa de uma mulher: de Hilária Batista de Almeida, a Tia Ciata, baiana de Santo Amaro da Purificação e mãe de santo.

Como muitas mulheres brasileiras do início do Século XX, ela poderia ser apenas mais uma mulher negra, migrante que fazia doces para ajudar a criar os 14 filhos. Mas, Tia Ciata resolveu não se curvar diante das circunstâncias e escreveu para sempre seu nome da história do Brasil e do Samba: os chamados ‘bambas’ do batuque se reuniam em seu terreiro no Rio de Janeiro e os encontros sempre acabavam em samba. Foi lá, em 1916, que surgiu ‘Pelo Telefone’, o primeiro samba a ser gravado no Brasil (segundo os registros da Biblioteca Nacional), composto por Ernesto Joaquim Maria dos Santos, conhecido como Donga, em parceria com Mauro de Almeida, na voz do cantor Baiano.

Com o passar dos anos, o ritmo ganhou novas denominações como samba de breque, samba canção, bossa nova, samba rock, pagode, entre outras. Em 2005, o samba de roda se tornou Patrimônio da Humanidade da UNESCO.

Para conhecer o artigo completo, acesse a TAG Musas MPB.

[Estes conteúdo e imagem foram retirados do livro “Mulheres Semeadoras de Cultura”, produzido, em co-autoria, por Cecílio Elias Netto, Arnaldo Branco Filho e Patrícia Fuzeti Elias. Saiba mais sobre esta e outras obras publicadas pelo ICEN.]

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