A história da MPB em capítulos

chiquinha

Chiquinha Gonzaga

O que se chama hoje de música popular brasileira começou no final do século 19, sob a influência mais marcante dos batuques africanos. Pode-se considerar que o primeiro ritmo musical brasileiro foi o maxixe. Formado a partir de uma mistura entre o lundu (ou umbigada, samba sensual dançado em roda de escravos) e a modinha portuguesa (canção de tom romântico), o maxixe chegou a ser proibido naquela época por seu tom ora atrevido ora jocoso.

Para Chiquinha Gonzaga, a grande figura dos primeiros tempos da música brasileira, essa proibição pouco representou. Atrevida por natureza, Chiquinha não era apenas dona de casa (o que exigia o padrão vigente), exercitava seu talento e foi casada com um homem mais novo.

Mas o que importava mesmo foi seu pioneirismo na música, já que gravou em 1899 a marcha carnavalesca Ô Abre Alas – até hoje cantada -, e que é considerada o marco inicial da música popular de nosso país.

As primeiras gravações musicais começaram por volta de 1900 e o nome mais famoso era a Casa Edson, que produzia os acetatos para serem tocados nos gramofones. A Banda da Casa Edson fazia sucesso em gravações como Choro e Poesia e A Conquista do Ar, além da versão de Ô Abre Alas, de Chiquinha.

A maestrina Gonzaga tinha destaque com a polca Atraente, a primeira música a ser editada no Brasil, e Forrobodó, tema da opereta de mesmo nome montada no Rio de Janeiro. Sempre a frente do seu tempo, Chiquinha marcou época, tanto que a data de seu nascimento (17 de outubro) é comemorada como Dia Nacional da Música Popular Brasileira. Ela se sustentava, e ao filho João Gualberto, desde que se separou do marido (imagine o escândalo para a época!).

Apesar do preconceito social que sofria por criar o filho sozinha, Chiquinha logo alcançou sucesso com suas composições que incluíam vários ritmos, como polca, tango, fox e maxixe. Logo também se dedica ao choro, graças à amizade com Joaquim Calado.

A melhor amiga era Nair de Teffé, irreverente como ela e a primeira caricaturista do Brasil. Nair se casou com o presidente Hermes da Fonseca. E não se conformou com as funções discretas de primeira-dama. Recebeu Chiquinha no Palácio do Catete e a acompanhou ao violão no maxixe Corta-Jaca, o que foi um escândalo.

No comecinho do século 20 também havia espaço para o vozeirão de Vicente Celestino em canções como Flor do Mal e Ontem ao Luar, além do cantor folclórico Patrício Teixeira, que tinha um jeito próprio de se expressar em modas sertanejas como A Caboca do Caxangá. Na mesma seara atuava Eduardo Neves, que gravou os clássicos Oh Minas Gerais, O Meu Boi Morreu e Canção do Marinheiro.

Acontece que essas gravações não tinham nada de populares. Ou seja, não chegam às massas, que não tinham como comprar as gravações. Ainda eram poucos os que adquiriam as cópias. Nem todas as casas tinham gramofones. Era costume que essas gravações fossem apreciadas em encontros sociais que aconteciam nas confeitarias daqueles tempos. A Colombo, fundada em 1894 e que funciona até hoje no Rio de Janeiro, era a mais famosa.

 

1 comentário

  1. Juliana Higino em 10/09/2017 às 21:26

    Parabens !

Deixe uma resposta