Ídolos do E.C. XV de Novembro: Tico Rensi

“O zagueiro que trocou a bola pela odontologia”

Ele pendurou a chuteira cedo, praticamente no auge de sua carreira de jogador de futebol. Foi um craque apaixonado e afirmava ser fã do número 1 do XV. Defendia o time com garra jogando na posição de zagueiro. Considerava seu jogo meio violento, tanto que foi muitas vezes expulso do campo.

Foi o jogador que trocou o futebol pela profissão de dentista; quando ainda jogava, conseguiu seguir em frente a faculdade de Odontologia.Tico era o seu apelido, assim que o conhecem. José Rensi é o seu verdadeiro nome.

Seguindo as pegadas de seus irmãos, Tico Rensi começou cedo no futebol. “Eu ainda era menino; fui levado pelos meus irmãos Strauss, Mário e Nelsinho, na época em que eles já eram jogadores profissionais. Eu era o caçula de casa”. Daí vem o apelido, explicou. “minha mãe sempre falava: – olha aí o piquitico. Por fim acabou ficando só Tico”.

Iniciando-se no futebol. Tico fazia parte do time do Colégio Piracicabano, onde estudava.

 O XV

Aos 14 anos, a convite do “famoso Áureo, antigo centro avante do XV quando o time ainda era amador”, Tico passou a treinar no alvinegro. “Isso foi em 46/47. Logo passei a ser amador, cegamos a ser campeão da cidade nesta categoria”.

Seu primeiro contrato só “pintou” mesmo em 51, época em que o Willian Maluf era o presidente. “Passei a ser não amador. Ganhava 500 mil réis por mês, menos 30 mil réis que a gente pagava de aposentadoria” .

“Naquela época, existia o campeonato dos jogadores titulares e dos aspirantes. Eu era, contratado do XV para jogar nos aspirantes e não de titular, só que sempre trocávamos de categoria quando os aspirantes tinham chance de ser campeões e os titulares não mais, era um tal de passar um jogador pra lá, outro pra cá. Quantas vezes não fizemos isso”, recordou Tito . Aliás, opinou: acabar com o campeonato de aspirantes foi uma das grandes falhas do futebol paulista. “Era nas disputas dos aspirantes que muitos neguinhos se revelavam. Quem é que não se lembra do Colombo, do Gino, do Dino Sani, revelações dos times aspirantes! Eu mesmo fui revelado disputando o aspirante”.

Jogando sempre na posição de beque lateral ou central, “ou melhor, como se diz hoje, zagueiro”, Tico passou a ser titular em 1951 mesmo, numa bela estréia por sinal. Tinha 18 anos na época. “Já no primeiro jogo formei a zaga com o Disordi. Ganhamos de dois a um do Ipiranga, lá no Parque Antártica”.

EMPRESTADO PARA O ATLÉTICO

Por um ano, sua carreira como “estrelinha” do XV foi interrompida. Tico comenta que no ano seguinte de sua contratação definitiva, o comendador D’ Abronzo, presidente do Clube Atlético, quis montar um time que pudesse subir para a divisão especial também. Vários jogadores do XV forma emprestados para o Clube, dentre eles o Adolfinho, o Dico, o Benedito Julião … “E inclusive eu. Foi uma leva grande mesmo. Fizemos uma boa figura disputando o campeonato do interior mas não conseguimos o resultado desejado. Quando o contrato acabou, voltei para o XV”, contou.

1956, 1957 e 1958 foram os anos em que Tico realmente se firmou no futebol, “quando o XV disputava o campeonato paulista”, afirmou. Em 57/58 existiam muitos times para disputar o campeonato. No total eram 18, se recordou. Previamente havia um torneio classificatório, ficavam apenas 10 times. O XV conseguiu ficar entre os melhores nos dois anos consecutivos. “Foi o único do interior, dos times que não eram grandes, que conseguiu se classificar”. No campeonato paulista mesmo não ficou em boa posição, comentou Tito.

 ESTUDANDO EM CAMPINAS

Conciliar os estudos com o futebol sempre foi uma tarefa que Tico soube dominar bem. Só que as coisas se complicaram quando ele passou a fazer a faculdade de Odontologia em Campinas. Teve que deixar de lado o XV por um ano. “O presidente do time, o comendador Romano na época, não quis liberar o meu passe para o Guarani quando para mim lá estava tudo acertado. Foi algo que eu senti muito”, comenta. Aquele ano ele passou apenas treinando no Guarani e jogando um ou outro amistoso por aquele time.

No ano seguinte, Tico foi convidado a voltar para o XV pelo diretor do departamento profissional do time, o Tão, na época. “Eu vim. Pra falar a verdade eu gostava mais do futebol do que qualquer outra coisa. Era uma loucura viajar daqui pra lá a toda hora, quando não tinha que ir para São Paulo jogar. Quase acabei perdendo o ano na faculdade” .

 O FIM

Em 1957, Tico já era dentista formado. Definitivamente, de volta a Piracicaba, ele abriu um consultório e nem assim deixou apagar sua paixão pelo futebol.

Mas, com 26 anos de idade, no auge de sua carreira de jogador, Tico, meio contra sua vontade, acaba deixando o futebol. Logicamente foi o fator financeiro que também pesou na sua decisão. “Compensava mais ser dentista. Eu ganhava bem mais” .

O que realmente ficou foi a saudade daqueles tempos, “que é bem grande”, considerou ele.

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