ContraPonto: Gravíssimas Denúncias

Os textos de diferentes autores publicados nesta seção não traduzem, necessariamente, a opinião do site. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

Enquanto muitos incrédulos e ingênuos disparam comentários desconexos com a realidade – mas muito em ressonância com o que a imprensa “funcional” divulga diariamente como verdade absoluta (aquela mídia encarregada em manipular a opinião pública pseudoinformada e alimentada com doses diárias de “ódio objetivo”, ódio  voltado para o que se quer ver derrotado)- a obscura realidade nos bastidores do poder e da nossa política de vez em quando vem à tona.

Foi o que ocorreu quarta-feira (23) na seção da Câmara dos Deputados que estava reunida para a votação do texto da Lei Anticorrupção. Lei que, se prevalecer – ao que se pode interpretar – a pressão dos governistas da vez (PMDB, PSDB, DEM, PPS  e os da “República Evangélica”), não constarão de sua redação final a criminalização do caixa 2 e tampouco a inclusão de juízes e promotores na Lei de Responsabilidade. (A exclusão destes poderá criar condição tal a lhes dar o status de seres de uma casta acima do Bem e do Mal; ídolos intocáveis; heróis- embora e quando convenientemente fabricados – inquestionáveis, em flagrante contradição com os ideais democráticos de uma Nação que se quer ver  democrática, independente, justa, incluída no grupo de países verdadeiramente civilizados e dentro dos preceitos de igualdade desejável em todas as questões humanas).

Em meio à seção, enquanto se aguardava  por quase quinze horas  pelo texto final em discussão na Comissão Especial para a redação da matéria, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS)foi à tribuna da Câmara  e fez tão grave denúncia sobre a força-tarefa da Operação Lava-Jato que a transcrevemos na íntegra para que o leitor possa tirar suas próprias conclusões.

Cremos que a revista Veja, a Globo e outros veículos de comunicação do País apoiadores do atual governo não venham a divulgar tal informação de interesse nacional, a preferir a desqualificação do orador e da sua fala.

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Fala o deputado Paulo Pimenta

“Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, confesso a V.Exas. que existem vários aspectos que dizem respeito a essa investigação da chamada Operação Lava-Jato — em especial a conduta do Juiz Sérgio Moro e dos Procuradores Federais que fazem parte da autointitulada República de Curitiba — que têm me deixado intrigado.
No entanto, Sr. Presidente, os fatos que ocorreram esta semana durante depoimentos que estão ocorrendo em Curitiba são estarrecedores, são fatos extremamente graves e que trazem luzes sobre suspeitas que até agora não tinham a dimensão e a gravidade que eu quero aqui relatar”.
A Lava-Jato a serviço dos Estados Unidos?-“Eu quero falar, Sr. Presidente, sobre a suspeita, sobre as investigações que se tornam cada vez mais evidentes: uma espécie de colaboração que está ocorrendo entre a investigação da Lava-Jato, Procuradores Federais e os Estados Unidos. Refiro-me a órgãos de investigação e ao próprio governo americano, que evidentemente têm nesse processo um único interesse: enfraquecer a nossa soberania e a PETROBRAS, para abocanharem maiores fatias do nosso petróleo, como está ocorrendo com as mudanças da legislação sobre o Pré-sal.
Ontem, no depoimento de um ex-executivo da Camargo Corrêa chamado Eduardo Leite, o Dr. Cristiano Zanin Martins, advogado do ex-Presidente Lula, pergunta ao depoente se ele fez delação com os Estados Unidos. Pasmem V.Exas. com a resposta: Ainda não. Posso vir a firmar, mas hoje não tenho nada firmado com o governo americano. Fui procurado pelo governo americano no intuito de buscar o interesse e o entendimento das partes. Ele disse que sua defesa informou tal fato ao Ministério Público Federal.
Mais adiante ele diz: Na verdade, foi uma busca do governo americano através da força-tarefa da Lava-Jato.

Houve, portanto, uma busca do governo americano a um delator da Lava-Jato! E chegaram até ele através dos Procuradores da Lava-Jato…
Hoje, Sr. Presidente, em depoimento, Paulo Roberto Costa, réu confesso e delator premiado da Operação Lava-Jato, confirma que fechou um acordo com os Estados Unidos com auxílio da Procuradoria-Geral da República.
Repito: o réu confesso e delator premiado da Operação Lava-Jato, Paulo Roberto Costa, em depoimento hoje confirmou que fechou um acordo de colaboração com os Estados Unidos com auxílio da Procuradoria-Geral da República do Brasil. Trata-se de um acordo de colaboração com órgãos norte-americanos — e nos Estados Unidos existem ações contra a PETROBRAS. Ele confirmou duas reuniões sobre esse tema com autoridades dos Estados Unidos e do Brasil.
Sr. Presidente, a Procuradoria-Geral da República promove reuniões com o Departamento de Estado dos Estados Unidos — país onde a PETROBRAS está sendo perseguida e acusada —e oferece um réu delator premiado para ser colaborador em ações contra o Brasil”.

Crime de lesa-pátria – “Sr. Presidente, o simples fato de haver esta relação não prevista na legislação entre a Justiça Federal e o Ministério Público Federal com o Departamento de Estado Americano, marcando e facilitando a relação entre delatores brasileiros, para que testemunhem e ajudem os Estados Unidos em processos contra a PETROBRAS, já seria algo gravíssimo.
Mas dois depoentes esta semana confirmam que estabeleceram colaborações com o governo americano através de uma aproximação proporcionada pela Procuradoria Federal do Brasil, com conhecimento do Juiz Sérgio Moro. Isso é um crime de  lesa-pátria! Isso é um crime contra o interesse nacional! Como podem a Procuradoria-Geral da República e a Justiça Federal de Curitiba estabelecer um acordo de colaboração com o governo norte-americano para instruir processos contra a PETROBRAS?! Isso é inaceitável, Sr. Presidente! Isso é de uma gravidade sem precedentes!
E, durante o depoimento, o procurador que conduzia o depoimento, Diogo Castro de Matos, e o próprio juiz Sérgio Moro, impediram que a testemunha continuasse falando sobre estas questões, porque eram informações sigilosas”.

Acordos sigilosos – “Que acordo sigiloso pode existir entre a Justiça brasileira, o Ministério Público Federal e os Estados Unidos para instruir processos contra a PETROBRAS, Sr. Presidente? Isso é para enfraquecer a nossa maior empresa, para vendê-la, para fatiá-la, como o Governo golpista está fazendo.
Esse fato revela uma face desta investigação: havia uma suspeita, mas não uma confirmação, de que há duas testemunhas. Portanto, Sr. Presidente, temos provas que permitem que esta Casa, pelas suas prerrogativas constitucionais, leve uma investigação adiante, porque há uma grave suspeita de que órgãos públicos brasileiros estejam atuando contra os interesses da Nação, num conluio com o Departamento de Estado dos Estados Unidos e, certamente, com petroleiras norte-americanas, representadas no Governo golpista pelo Ministro das Relações Exteriores, José Serra, num jogo combinado.
Atacam a PETROBRAS, desvalorizam o seu valor de mercado, abrem a possibilidade de exploração do Pré-sal e vendem o nosso patrimônio.
Nós vamos encaminhar, em todas as Comissões, a iniciativa necessária para convocar esses representantes que cometem crime de lesa-pátria, entregando o nosso petróleo aos norte-americanos”.

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Frase de hoje: “Quanto mais se reza, mais assombração aparece”.

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Homenagem: Rendo homenagem ao prefeito Gabriel Ferrato e a todos os participantes da humanitária ação em prol dos refugiados haitianos em nossa cidade nesta semana. (“Os que estendem a mão aos de condição humilde não conhecerão carência”.)

 

2 comentários

  1. Jairo Teixeira Mendes Abrahão em 26/11/2016 às 08:26

    Sr.Antonio Roberto de Godoy.
    Permita-me cumprimenta-lo e à A Província pelo texto e pela coragem de publica-lo! A imprensa piracicabana, para o tema em questão, da mais grave importância, em minha opinião, não editará nem mais uma palavra! Muita coragem, honestidade e patriotismo do senhor e de nossa vibrante A Província! Parabéns.
    Pobre Brasil, nas mãos de quem está! Não vislumbro saída honrosa …!

    Jairo Teixeira Mendes Abrahão, de Porto Seguro BA.

  2. LUIS FERNANDO MIQUILINE FERRAZ DE ARRUDA em 02/12/2016 às 22:29

    Caro Godoi, uma “Frase de ontem”: “O erro do governo não é a falta de persistência, mas a persistência na falta”. O homem que se vende, em geral, recebe muito mais do que vale.

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