Almeida Jr.: uma história de amor, arte e sangue (1)

Almeida Jr.

O pintor Almeida Jr., após regressar de Paris.

A 13 de novembro de 1899, Almeida Jr. era brutalmente apunhalado, vendo expirar, entre golfadas de sangue, uma história de amor e de arte, que foi a própria história de sua vida. Uma mulher correu ao seu encontro e, com gritos de desespero, tomou nos braços a cabeça do artista genial, que exalou os últimos suspiros no regaço em que, tantos anos, conhecera as alegrias e as dores de um amor clandestino. Maria Laura do Amaral Sampaio, o nome da mulher, José de Almeida Sampaio, o assassino.

História de Arte

José Ferraz de Almeida Jr., filho de José Ferraz de Almeida e de dona Ana Cândida do Amaral Souza, nasceu em Itu, aos 8 de maio de 1850. Família de enraigados sentimentos religiosos, viviam os Ferraz de Almeida em meio a grandes dificuldades, acentuadas ainda mais pelos fracassos artísticos do chefe da casa, pintor frustrado, sem ambições e talento.

Nesse ambiente de religiosidade e de preocupações, cresceu o Jujiquinha, trazendo, desde muito cedo, intranquilidade à dona Cândida, que via, com receio, o despertar da arte na criança inquieta, a atração crescente pelas tintas e pincéis.

O Jujiquinha nunca chegou a ser bom aluno, atraído irresistivelmente pelas paisagens, pelo desenho, pelos rabiscos nos cadernos. Era o artista que explodia na pequena criança, despertando-a para o mundo imprevisível e fascinante da arte. E, aos 19 anos, Almeida Jr. despedia-se dos pais para matricular-se na Imperial Academia de Belas Artes, no Rio de Janeiro, o que só foi possível graças ao auxílio material que lhe  prestaram amigos confiantes em sua vocação.

No Rio de Janeiro, Almeida Jr. deixou entrever o insuperável artista em que se transformaria, a ponto de ser, ao longo dos anos, considerado o Príncipe da Pintura Brasileira. Seus mestres Chevrél, na aula de desenho, e Victor Meirelles, na pintura, viram, no caipira de Itu, o futuro gênio da pintura brasileira. E foi Chevrél quem, numa visita que D. Pedro II fez à Academia, chamou a atenção do Imperador para a vocação do jovem pintor paulista. E D. Pedro guardou-lhe o nome.

Em 1874, Almeida Jr. regressava a Itu e, ainda obscuro, fazia anunciar abertura de um atelier não só para os trabalhos de sua arte, como também sob o caráter de professor de desenho.

(continua)

[Esta reportagem foi, originalmente, publicada na revista “Piracema”, edição de abril de 1966. O texto é de Cecílio Elias Netto, com pesquisa no Fórum de Piracicaba e arquivos de João Chiarini. Reprodução fotográfica: Beto Brusantin]

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