Almeida Jr.: uma história de amor, arte e sangue (2)

amolaçao

“Amolação Interrompida”, uma das mais famosas telas do grande ituano (esquerda). Excepcional trabalho de Almeida Jr: A Pintura (direita).

História de Amor

Maria Laura do Amaral Gurgel foi o grande amor de Almeida Jr., a jovem que o acompanhou em seus sonhos de moço, nos anseios e intranquilidades da juventude. Ao retornar a Itu, o pintor viu consolidar aquele amor, deixando-se com o passar do tempo, enredar em planos matrimoniais, antevendo, ele e Maria Laura, um futuro pacato e tranquilo num lar cheio de filhos na pequenina Itu. Não sabia, porém, o jovem pintor que o destino lhe reservaria vôos mais altos, se bem que menos tranquilos. E foi, em fins de 1875, que o destino lhe transformou a vida, através da figura generosa do Imperador.

Vindo a São Paulo, D. Pedro II fez questão de visitar em Itu, o jovem pintor que tanto o impressionara e de quem tão elogiosas referências ouvira na Imperial Academia de Belas Artes. Visitou-o em seu atelier, mas o Jujuquinha não se encontrava na cidade. Impressionado, porém, com retratos que Almeida Jr. fizera do Visconde de Parnaíba, do Barão de Jaguara, do dr. João Teodoro para as festas inaugurais da construção da linha férrea de Campinas a Moji Mirim o Imperador insistiu em conversar com o pintor. E, no primeiro contato, ofereceu-lhe uma bolsa de estudos na Europa. Era com Paris, que lhe acenava o Imperador.

Almeida Jr. hesitou entre o amor de Maria Laura, a proximidade do casamento, e a oportunidade excepcional que lhe oferecia o Imperador. Procurou, em seus delírios de moço, conciliar as duas situações, mas foi inflexível a posição dos pais de Maria Laura: ou o casamento ou Paris. De aí ao rompimento, foi um passo. E Almeida Jr. rumou a Paris, levando a saudade imensa da moça que ficara em Itu, carregando a esperança de que aquele adeus doído pudesse transformar-se em até breve reanimador.

Em Paris, Almeida Jr. ficou de 1876 a 1882, aperfeiçoando-se, aprimorando a sua técnica extraordinária, criando, então, quadros imortais como Fuga para o Egito, A Pintura, Ressurreição de Lázaro, Descanso do modelo. Maria Laura, porém, não lhe saiu do pensamento. E iria acompanhá-lo até o fim de seus dias.

 (continua)

[Esta reportagem foi, originalmente, publicada na revista “Piracema”, edição de abril de 1966. O texto é de Cecílio Elias Netto, com pesquisa no Fórum de Piracicaba e arquivos de João Chiarini. Reprodução fotográfica: Beto Brusantin]

Para conhecer o conteúdo completo, acesse a TAG Almeida Jr.

Deixe uma resposta