Causos de jornalistas e radialistas, que vexame! (1)

O texto abaixo foi publicado em outubro de 1987 no semanário impresso A Província.

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Imagine um repórter comendo a reportagem, um outro inundando a cidade e um terceiro comendo bolinha de manteiga no lugar de bolinho de queijo, numa leve confusão. Ou então, um radialista confundindo uma salva de 21 tiros com atentado.

Pois tudo isso aconteceu aqui mesmo, na Província. Os causos que envolvem alguns jornalistas, considerados folclóricos, vira e mexe são assunto de qualquer rodinha de profissionais de jornal e rádio da cidade. E como existe aquela história de quem conta um ponto, aumenta dois, esses acontecimentos acabam se tornando piadas que certamente vão fazer parte dos anais jornalísticos provincianos.

Vamos a eles. Um dos mais comentados e que acabou virando notícia no Jornal de Piracicaba envolve o jornalista Djalma de Lima, que atualmente é um dos assessores do secretário estadual, Ralph Biassi, e o atual técnico da seleção brasileira de tênis de mesa, mirim e infantil, Francisco Bueno de Camargo, o Fran. (dizem que formavam uma dupla incrível…)

Há algum tempo, era comum as pessoas irem à redação dos jornais com uma mandioca, banana e outras “cositas mas”, que haviam crescido bem, mais que o normal. Um dia, lá por 1970, um senhor apareceu na redação do Jornal de Piracicaba, gabando-se de ter conseguido colher em suas terras umas ameixas gigantes, daquelas que deixavam qualquer ituano com vergonha.

O então redator chefe, José ABC, vibrou e encarregou Fran, através de um recado escrito, que tirasse as fotos – “Capriche nesta, vai valer a pena” – já que precisou se ausentar por algum tempo da redação.

Agora imagine, dois repórteres chegando da rua cansados, e com fome. “Puxa vida, como o Zé é legal. Olha aí o que ele deixou para nós” –  teria comentado o Djalma de Lima. Em poucos minutos, eles devoraram as tão cobiçadas ameixas?”

E continuaram tranquilos. O redator chefe chegou, organizou as notícias que iriam sair e ficou aguardando as fotos solicitadas ao  Fran. Uma, duas, três horas… até que resolveu cobrá-lo “Fran, cadê as fotos das ameixas?”

(A resposta que veio em forma de pergunta causou um friozinho no estômago de José ABC.) “Que fotos? Nós achamos que era para a gente comer as ameixas e comemos”.

Com a maior cara de tacho, o Zé ABC não teve outra saída que avisar o cidadão, pelo jornal, que os repórteres haviam comido a reportagem, ou seja, as ameixas.

O maior fora (não furo) 

Esta quem conta é o próprio José ABC. Um dia, ele recebeu uma ligação de um jornal de Rio Claro, avisando que havia acontecido um grave acidente na rotatória da entrada da cidade e algumas vítimas eram de Piracicaba. O Zé escalou a dupla dinâmica (Batman e Robin, ou seja, o Djalma e o Fran) para ir até o local fazer a matéria.

Na redação, o Zé aguardava. Nove, dez, onze horas. Esquematizou tudo. Deixou espaço para as fotos e a reportagem com todos os detalhes possíveis. Por volta das 11h30 chegam os dois tranquilos, assoviando.

— E daí, como foi lá? Cadê a notícia? – perguntou Zé.

— Ah! Não tem notícia.

— Como?

— Houve o acidente sim. Morreram cinco pessoas e outras 15 ficaram feridas, mas não tinha ninguém de Piracicaba.

(Eu queria estar por lá para ver a cara que o Zé fez.) Conclusão: o Djalma de Lima teve que se virar mais que azeitona em boca de banguelo para conseguir as informações com os jornais de Rio Claro. Afinal, o Zé tinha determinado:  “Djalma, a notícia tem que sair”.

Confundindo as bolas

Se eu fosse o Djalma, escreveria um livro sobre seus furos na profissão. Esta foi demais.

Consta que na época de um dos Salões de Humor de Piracicaba, o Djalma de Lima aproveitou a boquinha e foi almoçar no Mirante com o pessoal que integrava o júri de seleção e premiação. Manja: Glauco, Chico Caruso etc. e tal.

O pessoal lá de São Paulo era vidrado no Mirante. À mesa, sentaram Fausto Longo, Djalma e os cartunistas. Papo vai, papo vem, um dos cartunistas arregalou os olhos. A sua frente, o Djalma de Lima, com um palito na mão, mirava uma bolinha de manteiga. Errou na primeira tacada, mas na segunda acertou na mosca, quero dizer, na manteiga.

Pasmado, o cartunista observou o jornalista levando a manteiga até a boca. Cutucou o Fausto Longo e perguntou. “Seu amigo está comendo as bolinhas de manteiga”.

Fausto, disfarçadamente teria dado um toque no Djalma…

— Seu desgraçado. Estou passando a maior vergonha. Você está comendo manteiga…

Djalma. “E daí, cada um come a  manteiga do jeito que quer…” (boa resposta, não!)

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