As lutas cotidianas da imprensa Piracicabana

Ao final do século XIX, a Gazeta de Piracicaba, durante muitos anos, manteve uma coluna denominada “Interesse local”, de críticas ao poder público e de cobranças relativas ao desenvolvimento da cidade. Em tom respeitoso,buscando, ao lado da crítica,sempre ressalvar as “retas intenções do Intendente Municipal”,estes foram alguns dos principais problemas desenvolvidos durante o ano de 1894

Serviço de limpeza

“… o serviço de varredura das nossas ruas, apesar de bom, também ressente-se ainda de um inconveniente que convém prevenir. O carro destinado à remoção do lixo,não acompanhando a turma de varredores, acontece que o cisco amontoado por estes permanecendo por muito tempo nas ruas, é novamente espalhado pelos animais,veículos e transeuntes.

Do ativo e muito enérgico cidadão intendente esperamos,como sempre, providência breve e acertada…”

Iluminação pública

“… depois de quase um ano de espera vai agora a empresa de iluminação elétrica completar o número de focos a que se comprometeu no contrato firmado com a Câmara Municipal. Não sabemos a quem imputar a parcialidade na distribuição deles…. a tarefa que nos impusemos foi de defender os habitantes da rua Direita-Bairro Alto, tão

duramente lesados na partilha do benefício.

De feito, os seus oito quarteirões tributados e, portanto,com direito à iluminação,contam 139 prédios, o que dá uma média de 17 por quarteirão,ao passo que na cidade os há com 4 e 5 casas apenas.

Entretanto, para estes a empresa dá 3 focos e para aqueles 2!Acresce lembrar,ainda, que nestes 8 quarteirões há 17 oficinas,24 estabelecimentos comerciais, 4 padarias, 2 açougues,2 cocheiras, 1 loja de barbeiro e 1 depósito de madeira,que pagam imposto, e trânsito muito superior a muitas ruas.

Submetendo, pois, o fato ao criterioso e reto julgamento do cidadão Intendente Municipal, nos apraz contar e esperar a reparação da injustiça…

A sede dos correios,a falta de bancos nos jardins

“… aí está a nossa agência de correio aboletada nos baixos de um velho sobrado, sem a decência compatível com a importância da cidade e sem espaço que comporte – já não dizemos a concorrência do público – mesmo o pessoal encarregado do serviço, que a cada passo se vê embaraçado no desempenho do expediente, apesar de inteligente e operoso como é;Aí temos a pobreza de bancos no jardim, onde muitas famílias ficam horas inteiras de pé à míngua de assentos;

Aí temos o teatro, que não desejamos seja substituído, mas reformado com o produto altruístico de uma contribuição popular,atenta à missão caridosa da instituição a que pertence;

Aí temos a pesca sem regulamentação e tão abusiva que chega ao emprego criminoso e destruidor da dinamite, roubando ao futuro um manancial perene de alimentação saborosa e ao mesmo tempo objetivo profissional dos muitos indivíduos que a exploraram com remuneração vantajosa.”

*Crédito obrigatório – Lei Federal 5.988/78

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