Breve história do Engenho Central

O Engenho Central foi fundado graças ao espírito progressista do Dr. Estevão Ribeiro de Souza Rezende, que liderou um grupo de empresários piracicabanos.

No dia 7 de janeiro de 1881 “foi lida uma representação de vários cidadãos deste município, requisitando informações por parte da Câmara, relativas ao estabelecimento de um Engenho Central neste município, as quais, sendo dadas, determinou a Câmara fossem transcriptas no respectivo livro, oferecidas pela comissão indicada.” (Atas.)

Esta é a primeira notícia encontrada nas atas da Câmara relativa ao estabelecimento do Engenho Central.

Em 19 de janeiro do mesmo ano (1881), o Barão de Rezende, com um capital de rs. 4000:000$000, funda a Empresa do Engenho Central. Os maquinários foram encomendados da França.

O passo seguinte foi doar o terreno para a instalação da Empresa. Isso em 3 de maio. Quatro dias depois (7 de maio de 1881), D. Pedro II assina o Decreto Imperial no 8089, concedendo ao Engenho Central de Piracicaba a autorização para funcionar.

Antes de terminar o ano, chegou da França, no dia 18 de novembro, a primeira remessa de maquinaria, tendo início a sua montagem sob a direção de Antonio Patureaux e Fernando Desmoulin.

Às sete horas da manhã de outubro de 1882, as máquinas do Engenho Central foram acionadas, pondo em funcionamento o grande complexo agro-industrial: “respeitável pelas suas proporções gigantescas, quanto ao edifício e quanto à grandeza do seu maquinário, composto de oito cilindros com entradas automáticas das canas e saída do bagaço pelas fornalhas – três geradores da força de cem cavalos servidos por uma chaminé de tijolos, com trinta e cinco metros de altura; três tanques de cobre para saturar a garapa.”

Aconteceu que, em função das más condições do mercado e pela insuficiência de matéria prima, logo o Engenho entrou em estado de estagnação.

Passada uma dezena de anos, o Barão buscou reacender a indústria, com a denominação de Companhia Niagara Paulista. Porém as barreiras que encontrou eram tão grandes que foi obrigado a vendê-la para a empresa francesa Societé Sucrérie de Piracicaba, em julho de 1889.

Em mãos dos franceses tornou-se a maior usina do Estado em produção, sendo incorporada em 1907 a outras seis usinas, passando a fazer parte da Societé de Sucrérie Brésoliennes, transformando-se na mais importante do país, com uma produção anual de cem mil sacas de açúcar e três milhões de litros de álcool.

Até 1940, viveu o Engenho Central os anos de bonança e desenvolvimento. Depois, com o crescimento da Vila Rezende, foi sufocado pela urbanização, que abarrancou o processo operacional.

Por derradeiro, em novembro de 1970, o Engenho Central foi vendido para as Usinas Brasileiras de Açúcar, de propriedade do empresário José Adolpho da Silva Gordo, que o manteve em funcionamento até 1974, quando foi radicalmente desativado.

O monumento do Engenho Central, o bosque e o mirante na margem direita do rio, formam a mais rica moldura para o quadro do salto, painel que inspirou Francisco Lagreca na sua “Oração ao Salto”.

Com a desativação do Engenho, sentiu-se de pronto a sua vocação turística. Em 1976, deu entrada na Prefeitura um pedido de loteamento para uma área de mais de 350 mil metros quadrados, que englobava instalações da antiga usina, dando-se assim o início à polêmica em torno da preservação e utilização do conjunto arquitetônico e ambiental. A intenção primeira foi de projetar um loteamento dirigido à classe de maior renda, com uma avenida ligando as duas pontes (do Mirante e do Morato). No projeto algumas edificações seriam poupadas para nelas funcionar um museu do açúcar e um hotel. Dez por cento do bosque seria doado ao município como área verde no loteamento. Dada a complexidade e a importância do sítio, o prefeito na época, Adilson Maluf, criou uma comissão para estudar o assunto.

O parecer da comissão foi contrário à abertura de uma via expressa, exortando o poder público no sentido da preservação de toda a área verde existente.

Em atenção à manifestação da referida comissão, a “Terras do Engenho – Planejamento, Construção e Administração Ltda”, empresa encarregada da administração do projeto, apresentou novas plantas para o loteamento, preservando as edificações e quarenta e três por cento do bosque.

Com a mudança da administração, o novo prefeito, João Hermann Neto, em agosto de 1980, assinou um protocolo de intenções no qual o “Engenho” cedia o local a título precário em troca do compromisso de que mais tarde a Prefeitura compraria a chamada “área de uso especial”, onde foi realizada a Agro-Feira, por um valor estipulado em CR$ 1.500,00 o metro quadrado, que seria corrigido com o tempo. De outra parte, a empresa Terras do Engenho doaria uma área de 86 mil metros quadrados.

1 comentário

  1. José Gilson Gomes em 30/05/2018 às 10:25

    Esta história parece correr em ciclos de maracutaia: atropelo na compra de equipamentos, falta de terreno (doação), treinamento de pessoal, técnicos, engenheiros, fonte de matéria prima (canavial), mercado consumidor. Não ví Planejamento (logistíca); Muda nome social, reativa e desativa em o4 anos; a Sucrerie tirou proveito, 1907 à 1940, mas chega em outra época, equipamento arcaico, usina rodeada de casas, mercado competitivo; Só em 1970,outra vez, compra e fecha com quatro anos. Começa com vaidade e termina com vaidade: Precisava de Oscar Niemar. A usina quebrou, fechou, mas não ví criadores empobrecidos. Repito, parece maracutaia desde da implantação. Mande-me dados que preencham as lacunas que me levaram à estas tristes conclusões.

Deixe uma resposta