Memória – Centro Cultural Martha Watts (15)

Reproduzimos, em capítulos, um pouco da história da missionária metodista norte-americana Martha Watts e do Colégio Piracicabano – trajetórias que influenciaram a educação do Estado de São Paulo, no final do século XIX. Este conteúdo foi reunido na publicação que comemorou a inauguração do Centro Cultural Martha Watts, em junho de 2003.

 

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Martha Rivero, coordenadora do Museu: participação popular.

A participação e a emoção da comunidade

Antes mesmo de abrir suas portas aos visitantes, a interatividade proposta pelo Centro Cultural já foi expressa no envolvimento da comunidade com a montagem do Museu Jair de Araújo Lopes. É o que relata sua coordenadora, Martha Rivero, a conservadora que se fez presente desde a concepção do projeto. “A cidade está participando, não só alunos ou ex-alunos do Colégio. É impressionante como muitos responderam ao nosso apelo, trazendo objetos, fotos e referências de suas famílias.”

O convite às doações foi feito em forma de campanha, primeiro no âmbito interno da escola. O retorno chegou especialmente das crianças de 1a a 4a séries. Depois, o Jornal de Piracicaba publicou uma lista do que o Museu ainda precisava, e outros veículos de comunicação abriram seus espaços. Martha também viajou inúmeras vezes a Americana e Santa Bárbara d’Oeste, cidades com grande concentração de imigrantes americanos, participantes ativos desse processo.

Entre os inúmeros doadores, a conservadora destaca a família Dodson Trochmann, barbarense, que revelou “grande senso de preservação”. Doou acervos fotográficos, roupas de época com mais de 120 anos, mapas antigos, um esticador de arame do primeiro norte-americano da família chegado ao Brasil, antes de 1881, certidões de casamento do início do século 19, documentos, cartas de ex-alunos.

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Fotos doadas por ex-alunos do colégio: grande senso de preservação.

Gratidão

Martha comemora: “Já atingimos nosso objetivo, Antes mesmo de ser inaugurado, as pessoas já se apropriaram desse espaço, sentindo-o como seu, emocionando-se com ele”. A coordenadora do Museu expressa sua gratidão ao povo da cidade e demais pessoas que se envolveram nesse projeto, “que foi tecido por muitas mãos, num trabalho conjunto”. Ela avisa que a captação de doações não se encerra com a inauguração: no contexto do processo dinâmico de renovação do espaço, elas são sempre bem vindas, “fundamentais para que o acervo seja enriquecido”.

E conclui, num depoimento emocionado: “Mesmo tristes em se separar desses objetos, as pessoas percebem que, num Museu, eles serão cuidados, conservados e, mais do que isso, estarão acessíveis a futuras gerações. Não se trata de uma simples doação, mas de experiências fortes, em que se entrega parte da identidade de uma família, de sua própria história. Isso tudo é muito marcante, também para a nossa equipe. É por isso que somos extremamente exigentes no cuidado com essas coisas: sabemos como elas chegaram até aqui, e seu significado é muito grande.”

 

Acompanhe outros capítulos da história da missionária metodista norte-americana Martha Watts e do Colégio Piracicabano, seguindo nossa hashtag Memória Martha Watts.

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