A HISTÓRIA QUE EU SEI (CXVIII)

TEMPOS DO MDB
Quando as apurações revelaram que Adilson Benedicto Maluf era o novo prefeito de Piracicaba, estouramos champanha e comemoramos na redação de “O Diário”. Não o tínhamos apoiado mas era – e isso nos parecia importante – um jovem que chegava à Prefeitura, inexperiente mas sem vícios. Com apenas 28 anos de idade, casado há poucos meses, Adilson Maluf tomava posse, como prefeito do município, no dia 1o de Fevereiro de 1973. Neste mesmo ano, chegava ao fim o “milagre econômico” proclamado pelo Presidente Médici e pelos ministros Delfim Neto e João Paulo dos Reis Velloso. A Guerra do Yom Kippur, no Oriente Médio, criava uma crise econômica mundial, atingindo o Brasil de maneira dramática. Em pouco tempo, o barril de petróleo passava de 2, 5 dólares para 10 dólares. O PIB brasileiro despencava de 14% para 9, 5%, a produção nacional caía de 16% para 9, 2%. Era um final melancólico do Presidente Médici, exigindo, do empresariado e de governantes, incluindo os municipais, imaginação criadora, experiência para o enfrentamento da crise. Arrochava-se a América Latina e, no Chile, acontecia a tragédia, no golpe de Estado do General Augusto Pinochet e na morte do Presidente Salvador Allende. Mais luto mundial: morriam, no mesmo ano, o pintor Pablo Picasso e o poeta chileno Pablo Neruda. Na Argentina, depois de longo exílio e ausência, Juan Perón fora eleito novamente presidente do país. No Aeroporto de Orly, caía um Boeing da Varig e, entre os mortos, estavam Felinto Muller, presidente nacional da ARENA, e a atriz Leila Diniz. O mundo começava a dançar e a cantar ao som do Pink Floyd. Piracicaba, após um tempo de fatalidades paroquiais, assistia, com esperanças, a posse de Adilson Benedicto Maluf no cargo de prefeito, mesmo sabendo de sua inexperiência e da falta de equipe para administrar o município.

O Prefeito Adilson Maluf, no entanto, logo de início mostrou a sua personalidade autoritária e a inabilidade para o convívio com a política. lncompatibilizou-se imediatamente com a Câmara Municipal – onde a bancada do MDB era minoria – tentando influir na eleição do Presidente do Legislativo Municipal, tendo derrota fragorosa: o escolhido era o vereador Rubens Leite do Canto Braga, numa Câmara de grande maioria de vereadores que iniciavam a sua primeira legislatura. Por outro lado, dentro do próprio MDB, partido pelo qual se elegera, Adilson Maluf criava atritos e encontrava dificuldades, não querendo administrar com companheiros, entre os quais estava Jorge Antônio Angeli, que obtivera expressiva votação. Adilson Maluf apoiava-se na experiência do advogado e ex-prefeito João Basílio – convidado para participar de seu governo – e do vice-prefeito Américo Perissinotto. De sua equipe, faziam parte jovens ainda desconhecidos, como Sady Previtalli, Antonio Lázaro Aprilante, Antonio Mauro Negreiros. As finanças do município ficaram sob a responsabilidade de um funcionário competente e de larga experiência, Florivaldo Coelho Prates. Nas obras rurais, outro funcionário, Antonio Cozzo.

Sem experiência e sem apoio político, sem programa de governo a não ser uma proposta difusa de desenvolvimento industrial, Adilson Benedicto Maluf foi sentindo-se acuado e, já no início de sua administração – sob críticas gerais e com a população descontente -, teve um gesto de humildade e de autocrítica e declarou que iria renunciar ao cargo. Era a primeira crise da administração. A decisão da renuncia foi levada ao conhecimento dos vereadores, no gabinete do Prefeito, estando presente o advogado João Basílio. Sensibilizados, porém, os vereadores decidiram dar um voto de confiança ao novo e jovem prefeito, estimulando-o a permanecer no cargo, incentivando-o a reestruturar a sua equipe. Foi quando Adilson Benedicto Maluf convidou o funcionário Luiz Matiazo para a chefia de seu gabinete, providência que acabou criando-lhe condições de governabilidade, pois Luiz Matiazo tinha grande experiência da administração pública e bom relacionamento político, muito embora estivesse afastado de Piracicaba por alguns anos, dando assessoria administrativa à Prefeitura do Guarujá e no Estado de Mato Grosso.

Foi, então, que Adilson Benedicto Maluf passou a dar maior ênfase à criação do Distrito Industrial.

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