Eu canto um salmo

Os textos de diferentes autores publicados nesta seção não traduzem, necessariamente, a opinião do site. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

unnamedHá algum tempo, contei que alguém me escreveu em desespero: “O que fazer da vida?”. Não se podia responder em duas ou três palavras a um apelo desta natureza. A vida é tão vasta e tão bela, o que fazer dela? “De onde me virá o auxílio? O meu auxílio vem do Senhor, criador do céu e da terra” (Salmo 120).

Se eu pudesse começar de onde compreendo a raiz da solução, diria a este alguém para buscar a face de Deus. E que comece rezando toda manhã: “É a Vossa face, Senhor, que eu procuro”. Que não comece o dia sem a leitura de um salmo bíblico. Se as pessoas soubessem o poder curativo da voz do salmista, cantando bálsamos para as feridas da nossa alma, jamais deixariam de recorrer a este remédio dos céus.

Gosto de louvar e de cantar os salmos, compondo melodias para eles. Conheço uma pessoa que se levanta à noite para louvar, pois é acordada pelo Espírito. E nas madrugadas geladas do inverno, sente o corpo arder de calor. O que se passa, então, nos louvores noturnos, é algo que pertence a um território sagrado.

Jamais me cansarei de pedir ao Pai: “Dai-me bom senso e sabedoria, pois confio nos Vossos mandamentos”.  Hoje, olhamos para o mundo e vemos grande aridez em toda parte. Há tumulto nas cidades. Rumores de guerra no ar. Violência e corrupção. Multidões ávidas de novidades, cantando músicas sem sentido, alimentando-se de um alimento fraco e sem substância, enquanto os céus oferecem um banquete de rei ao primeiro que chegar.

Reina no mundo um desenfreado apelo de sedução e confusão, não condizente com as coisas do espírito. Meninos hipnotizados por jogos de morte; meninas que deixam para trás a infância e a inocência, para requebrarem lascivas e precoces. Casamentos destruídos por traições, ciúmes doentios, mortes dolorosas. Famílias sacrificadas na sua missão primeira de educar e ser aconchego para os filhos. Lares desestruturados, ausência de caridade e de sacrifício. Em tempos de consumo, como falar de renúncia e desapego? Como levar às pessoas uma mensagem de luta, mas também de resignação, quando o gesto de mortificar-se já  não tem nenhum sentido?

É hora de clamar a Deus e orar. “Fazei que eu compreenda o caminho dos Vossos preceitos”. É hora de se pôr de joelhos e pedir pela salvação deste mundo que parece desmoronar. “Restabelecei, Senhor, o nosso destino”. O salmista diz que “os que semeiam com lágrimas recolhem entre cânticos”.

Amo especialmente o Salmo 16,6: “A corda mediu para mim um lugar aprazível; bela é a porção que me coube”. Quem lê, entenda. E o Salmo 116,6: “O Senhor vela sobre os simples”. O Senhor sonda o nosso coração, visitando-nos continuamente. A força do Espírito paira sobre a face da terra e a faz estremecer, mas é em nossa alma que o Senhor imprime Sua lei eterna e imutável.

Canto um salmo toda vez que me sinto frágil e desamparada. Canto um salmo para a vida, rezo para que o Amor seja a maior e única razão da nossa existência.

 

Deixe uma resposta