Cinco de junho
Os textos de diferentes autores publicados nesta seção não traduzem, necessariamente, a opinião do site. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
Cara que concreta tudo, não deixa espaço para a terra respirar nem brincarem as crianças; não tem um canto verde em casa, nem árvores nem flores deve ser um morto-vivo porque quem gosta de lápide é defunto. Amar a natureza, sofrer e se alegrar com ela é capaz quem está ciente de seu lugar em si e no mundo. Degradação reflete desequilíbrio, afinal mais que senhores somos irmãos das árvores e dos rios; dos animais e dos peixes; das pedras e do ar; das minhocas e dos insetos. Formamos uma só família, dependentes uns dos outros. Quem nos deu autoridade para estreitar espaços dos bichos forçando-os a invadir cidades ou morrer de inanição; tamponar e garrotear rios e transformá-los em esgoto; derrubar árvores, onde os pássaros criam seus filhotes e destruir as tocas dos peixes? O planeta tem vida própria, não somos seu dono. Quando fica bravo não toma conhecimento de nossa existência. Destrói tudo. Não entende essas coisas quem só vê a própria barriga.
“Quando contemplo o céu, obra de tuas mãos, a lua e as estrelas que fixaste… O que é o homem, para dele te lembrares? Tu o fizeste pouco menos que um deus, e o coroaste de glória e esplendor. Tu o fizeste reinar sobre as obras de tuas mãos, e sob os pés dele tudo colocaste…”. (Salmo 8). Neste Dia Mundial do Meio Ambiente, louvo o Senhor pelos sábios, capazes de se extasiar ante o mistério fascinante do universo, retrato de sua imensa grandeza; pelos que lutam contra o envenenamento do ar; pelos que pesquisam matrizes sustentáveis de energia; pelos que diminuem seus lucros a fim de não exaurir o planeta; pelos que respeitam os domingos e feriados a fim de que tomem alento seus funcionários e a Terra se recupere dos golpes mortais que todos os dias recebe – afinal o necessário para uma vida digna já temos. O que falta é fraternidade a fim de que todos tenham acesso.
Louvo o Senhor, pela existência de pessoas que lutam contra as forças das trevas que anseiam se apropriar da água; pelas donas-de-casa que, mesmo à custa de mais trabalho aproveitam no máximo esse líquido bendito; pelos que lutam pela vida das matas, guardiãs dos mananciais; pelos que valorizam uma mina d’água mais que uma de ouro e pelos empreendedores que evitam violar as sagradas áreas de preservação.
Louvo o Senhor pelos que não aceitam botar fogo nas matas, descartar resíduos e queimar lixo; pelas autoridades que punem malfeitores ambientais, por mais poderosos que sejam; pelos governantes, cientes do bem que as cidades cuidadas, limpas, verdes e sustentáveis fazem à saúde e auto-estima dos cidadãos; pelos que abrem as gaiolas e jaulas e não aceitam o covarde crime do tráfico de animais praticado por seres tenebroso, que não merecem esse planeta; pelos que em vez comprar novo consertam, reaproveitam e reciclam e pelos que plantam árvores e fazem concreto virar jardim.
Finalmente, louvo o Senhor pelos homens e mulheres que, apesar do esforço para passar por esse planeta sem destruir, carregam na alma constante aflição pela degradação que assistem. Mesmo perseguidos e vitimas de sarcasmo não desanimam em ser a voz profética em defesa da natureza que se debate nas garras de matadores de árvores e da vida. Muitos deles, como Chico Mendes, Francelmo, Doroty, José Claudio, Maria do Espírito Santo, Eremilton Pereira, Adelino Ramos deram a si próprios para não nos esquecermos jamais que nossa original e principal missão é a de jardineiros e cuidadores do Paraíso.