A crise vai bem…

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Meu pai diria assim: “a crise vai bem, obrigado”. Melhor do que nunca! Acredito que o povo brasileiro, neste momento, está indignado com a crise política, econômica e moral que se abateu sobre a nossa pátria soberana. Leio e ouço que até quem votou na presidente está triste e revoltado com ela, por causa das promessas de campanha que caíram no vazio. Trabalhadores se sentem traídos, empresários estão cansados de lutar com os impostos altíssimos, aposentados e pensionistas apreensivos com o absurdo déficit da Previdência Social…

Sou uma pessoa histórica. Quando Jânio renunciou, eu tinha 11 anos. Ouvi a notícia no rádio, ao lado da minha mãe. Ela pediu que eu fosse avisar meu pai, que trabalhava perto de casa. Fui correndo. Avisei também os meus tios e primos, muitos deles riram de mim. Até que a informação foi ganhando força e o país todo mergulhou na perplexidade geral.

Não sabemos se a praga janista ainda ronda a cidade sem esquinas, a cidade mais famosa do Planalto Central, a capital que foi o sonho de um presidente mineiro cheio de sonhos. A cidade onde hoje é gestada uma situação que parece irreversível. Como dominar a tempestade? Só mesmo o nosso amado Mestre, Aquele que tem o poder de acalmar o vento e o mar.

Caro leitor, confesso que tento não abordar tais assuntos neste sagrado espaço da minha crônica. Escrevi e repito que pretendo levar um pouco de poesia, de sonho e de esperança nestas linhas semanais. Porém, como objeto e sujeito da história, como todo ser humano vivo o meu tempo, refletindo sobre fatos que nos estremecem e nos fazem pensar.

Viu a foto do menino sírio, encontrado morto numa praia da Turquia? A família pretendia chegar ao Canadá, numa fuga desesperada. Morreram a mãe e os dois filhinhos, só o pai sobreviveu ao naufrágio. A imagem do pequeno mártir de três anos correu a internet, as redes sociais, os telejornais, causando intensa comoção.

Contudo, a foto e o fato podem esconder algo inimaginável até para os mais lúcidos escatologistas, pessoas atentas ao rumo da nossa história. A vida urge e quase não se tem tempo de chorar as mortes, as perdas dolorosas deste tempo irreconhecível. Estaríamos à beira de uma catástrofe anunciada?

O que acontece com este frágil mundo? Ele nos parece sempre tão poderoso e impávido, seus chefes de Estado elegantes e sorridentes, presidentes e líderes de grupos que comandam a economia mundial caminhando em marcha serena. Ainda existem algumas monarquias, reis e rainhas que reinam em seus tronos inatingíveis aos olhos da plebe.

A crise é mundial. Tigres e dragões também perdem a força. Recentemente, o Brasil foi rebaixado na nota de crédito e teve sua reputação afetada nos meios financeiros internacionais. Existe aqui uma crise interna. Qualquer cidadão brasileiro sabe conversar sobre isso e, sobretudo, sabe observar os que roubam e se locupletam, deixando faltar aos pobres; os que prometem e depois decepcionam amargamente. Que Deus os julgue em Sua infinita misericórdia.

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