Receita do mestre para a formação de uma boa bateria (2 – final)

 

Mestre Dhick 5

Prato

É um instrumento que, na bateria, dá um grande efeito. Existem três a quatro maneiras de se tocar o prato numa bateria. O seu tamanho varia de 12 a 22 polegadas e é feito de aço ou bronze, sendo que o de bronze dá melhor som. As suas variações de sons auxiliam o surdo de primeira, a caixa, repinique e caxeta.

Cuíca

É um instrumento que trabalha no ritmo do agogô. Existe um ditado que diz assim: carro e mulher não se emprestam. E cuíca também, por causa da varetinha que vai presa no meio do couro e que dá o som. A varetinha é feita de bambu seco. Raspa-se com caco de vidro até ficar bem fina, deixando uma cabecinha em uma das pontas; depois de bem raspada, deverá ser fervida uns oito minutos em óleo de cozinha e deixada no sol o dia todo. Assim, ela fica bem molinha e não quebra. Para se obter um bom som e limpo, o cuiqueiro deve esfregar a vareta com um pedaço de linha molhado com água.

Repinique

Para ser bom, tem que ter o corpo feito de metal, mas a sua pele tem que ser de cabrito e bem fina. Na minha escoIa, os repiniques são com peles de nylon, mas não dão o mesmo som da pele de cabrito. A função do repinique é contrastar com a marcação grave da bateria. Ele é tocado em cima das pancadas do surdo centralizador, só que floreando. O repinique é tocado com uma baqueta e auxiliado com a mão. Não é difícil de tocar, mas é preciso ter o pulso bem firme.

Tarol

É o segredo da bateria. Ele é que dá todo o balanço em cima da linha de marcação. A dificuldade de tocar o tarol está no fato de que a mão esquerda tem que funcionar tão bem quanto a direita, porque uma responde à outra. Além disso, os ritmos do tarol são mais difíceis de executar. Ele tem que seguir o surdo centralizador.

Caixa

Tem a mesma função do tarol – só que tem o corpo um pouco maior –, mas é feita também de metal, normalmente de aço inoxidável. Sua pele deverá ser de nylon. O som da caixa é mais pesado do que a do tarol, para contrastar com ele. E as suas esterinhas são mais largas. As esterinhas do tarol têm de quatro a oito fios e as das caixas têm de 12 a 36 fios.

mestre Dhick 1

Apito

É um instrumento de grande valia para a bateria. Ele é que chama a moçada e não deixa cair a peteca. Na minha escola, eu trabalho muito pouco com apito. Eu o uso nas mudanças de ritmo, para colocar a escola em forma, para breques e para parar a bateria. Em 1974, comecei a funcionar na minha bateria com um bastão que levo na mão direita, e os meus batuqueiros seguem o ritmo que eu dou com o bastão em todo o percurso da escola. Aqui em Piracicaba, eu fui o primeiro a trabalhar com bastão, imitando os grandes mestres das escolas de samba no Rio. Hoje, existem, aqui, outros tentando fazer o mesmo. Não é difícil conduzir a bateria com um bastão; só é preciso ter bom ouvido, bom braço e ritmo perfeito, para não deixar a escola cair.

Mestre de Bateria

É uma das funções mais difíceis que existem dentro de uma escola de samba. O mestre tem que ser muito vivo para não melindrar os batuqueiros e enérgico para manter a ordem e harmonia na Bateria. Muitas vezes, tem um batuqueiro que está tocando errado e é preciso chamar sua atenção. Às vezes, ele compreende a minha posição, mas existem aqueles que não gostam de ser chamados à atenção, então a gente tem que levar o pessoal numa boa. Quando eu chego em nossa quadra de samba, vou logo dizendo à moçada: “Olá, tudo bem pessoal? Olha, hoje vamos tocar até cair o braço, vamos deixar esse samba bem redondinho, tá? Olha, vocês que estão com os treme-terra, vamos bater firme, obedecendo o surdo centralizador e não deixa a peteca cair.”

O negócio de ser o Mestre de Bateria é isso aí. Quando termina o Carnaval, logo vem os bochichos. Se a Escola ficar Campeã, foram as fantasias de luxo, as meninas bonitas, os carros alegóricos, fim. Um monte de pais de matéria. Mas se a escola perder, você logo ouve isso: “Você viu só? Só tinha que perder mesmo. A nossa Bateria parecia que ia parar na avenida, os batuqueiros não batiam nos instrumentos, eles apanhavam deles, não tinha jeito de sambar, parecia uma procissão fantasiada na avenida.” Vocês sabem quanto que o Mestre ganha com tudo isso? NADA. Às vezes, tenho que pagar uma espumosa para os meus batuqueiros, aqueles que permanecem por mais algum tempo na sede, trocando ideias após o ensaio… Enfim, isso ainda quando não tenho que pagar a minha fantasia. Você já pensou?

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