“In Extremis” (91) – Entre tantos deuses, o de Einstein

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(imagem de Jobert Aquino Aquino, por Pixabay)

Os humanos, somos uma espécie singularíssima, capaz de tudo, de bem e de mal. De belo e de feio. Criadores inquietos, geramos maravilhas. Mas, também, horrores. Damos, à humanidade, um Francisco de Assis, uma Tereza de Calcutá. Mas, também, Hitler e alguns subprodutos dele. Um animal estranho, o homem.

Acreditamos ser super-homens e, em seguida, percebemos a nossa imensa fragilidade. Nossas inconstância e insegurança. E incertezas face ao Criador. Na bonança e no bem-estar, esquecemos do divino. Mas, fragilizados pelo medo e por tragédias, ficamos indefesos e à espera da intervenção do Grande Esquecido. É um repetitivo ciclo humano: o esquecimento de e o retorno a Deus.

Na tragédia atual, Deus volta a estar presente. No desespero e na esperança.  E isso me lembra os 1950/60, quando Deus era o centro de debates sem fim. Existia, não existia; a ciência destruiu a religião? À época, falou-se do “Deus de Einstein”, o maior dos cientistas que se teria declarado homem de fé: “Acredito no Deus de Spinoza”. E, atribuído ao filósofo Spinoza, divulgou-se um texto apaixonante. Deste, permito-me divulgar alguns trechos:

 Pare de ficar rezando e batendo no peito! O que quero que faça é que saia pelo mundo e desfrute a vida. Quero que goze, cante, divirta-se e aproveite tudo o que fiz pra você.

(…) Minha casa são as montanhas, os bosques, os rios, os lagos, as praias, onde vivo e expresso Amor por você.

Pare de me culpar pela sua vida miserável! Eu nunca disse que há algo mau em você, que é um pecador ou que sua sexualidade seja algo ruim. O sexo é um presente que lhe dei e com o qual você pode expressar amor, êxtase, alegria. Assim, não me culpe por tudo o que o fizeram crer.

(…) Se não pode me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de seus amigos, nos olhos de seu filhinho, não me encontrará em nenhum livro.

 (…) Pare de ter medo de mim! Eu não o julgo, nem o critico, nem me irrito, nem o incomodo, nem o castigo. Eu sou puro Amor.

Pare de me pedir perdão! Não há nada a perdoar. Se eu o fiz, eu é que o enchi de paixões (…) como posso culpá-lo se responde a algo que eu pus em você? Como posso castigá-lo por ser como é (…)?

Crê que eu poderia criar um lugar para queimar todos os meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade? (…)

Respeite seu próximo e não faça ao outro o que não queira para você! (…)

Esta vida não é uma prova, nem um degrau, (…) nem um prelúdio para o paraíso. Esta vida é só o que há aqui e agora, e só de que você precisa.

Eu o fiz absolutamente livre. Não há prêmios, nem castigos. Não há pecados, nem virtudes. (…) Você é absolutamente livre para fazer da sua vida um céu ou um inferno.

Não lhe poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso lhe dar um conselho: Viva como se não o houvesse, como se esta fosse sua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir. (…)

 Eu não quero que você acredite em mim, quero que me sinta em você. Quero que me sinta em você quando beija sua amada, quando agasalha sua filhinha, quando acaricia seu cachorro, quando toma banho de mar.

 (…) Você se sente grato? Demonstre-o cuidando de você, da sua saúde, das suas relações, do mundo. (…) Expresse sua alegria! Esse é um jeito de me louvar. (…)

Procure-me dentro de você. É aí que estou, batendo em você.

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