O filme do Selton
Ninguém negará coerência à carreira de Selton Mello. Afinal, há mais de 10 anos, desde quando atuou em O Auto da Compadecida e fez enorme sucesso, ele deixou de lado as novelas de televisão, e o confortável posto de galã, para abraçar o cinema.
Selton estrelou dezenas de filmes desde então, estreou na direção com Feliz Natal, projeto radical e que teve repercussão restrita, mas logo se acertou entre experimentação e popularidade com o belo O Palhaço. A partir daí, ele já deixava clara sua visão a respeito do que entende por cinema.
A delicadeza perdida pelos filmes nacionais, com comédias tão rasteiras, é o que persegue Selton agora com O Filme da Minha Vida, de título tão auto-explicativo. Baseado num conto de Antonio Skarmeta, ele conta a história de Tony (Johnny Massaro), que volta para a cidade em que nasceu, na Serra Gaúcha, justamente quando o pai (o francês Vincent Cassel) partiu.
A narrativa se pauta pela emoção (e em alguns pontos Selton até exagera) e a fotografia é belíssima, mostrando um pedaço do Brasil que não conhecemos. Tirando alguns pequenos excessos, o filme cumpre muito bem o que promete: tocar o público com uma história simples. Mas não foi o indicado do Brasil para o Oscar (perdendo a vaga para Bingo, o Rei das Manhãs) e não teve exibição comercial em muitas cidades, incluindo Piracicaba. Coisas de quem opta por um caminho pessoal…
Eu assisti ao filme nos cinemas em Piracicaba mesmo, mas deve ter ficado pouco tempo em cartaz. Belíssimo!