As primeiras mulheres fatais

vamp

Theda Bara

No começo do cinema, as mulheres perversas eram as mais interessantes. Foi daí que surgiu o termo “vamp”, que não apenas define a vampira, mas a criatura feminina sedutora e atraente, sem chegar a ser criminosa. Claro estereótipo, ou uma projeção, já que nos tempos pioneiros da sétima arte a produção e autoria dos filmes era totalmente masculina.

A primeira foi Musidora, pseudônimo da atriz francesa Jeanne Roques. Era a estrela de Vampiros, filme dirigido em 1915 por Louis Feuillade. A imagem de  Musidora, toda de preto e com suas asas esvoaçantes, foi uma das mais marcantes no início do século passado. Fazia uma assaltante mascarada que espalhava o terror na Paris da Belle Epoque. O nome da personagem era Irma Vep, um anagrama da palavra vampire.

Outro anagrama seria o nome de Theda Bara, referência a Arab Death, ou  morte árabe. Mas ela afirmou ser uma forma encurtada de seu nome real, Theodosia Burr. Passou passou para a história como mulher sensual em filmes como Cleópatra, Coração de Tigre, Mulher Libertina ou Quando a Mulher Peca. Theda era filha de um alfaiate judeu nascido na Polônia e, coincidência ou não, a maioria das vamps nasceu ou tinha raiz no Leste Europeu. Eram o contraponto de “queridinhas da América” como Mary Pickford e Lilian Gish, as “virgins”, mocinhas ingênuas ou casadoiras.

Pola Negri, persona artística de Barbara Apolonia Chalupec, veio da Polônia e fez sucesso em filmes como A Bela Diana e Beijos que se Vendem, dirigidos por Georges Fitzmaurice. Encarnava mulheres que levavam os homens a cometer loucuras. Na vida real, não ficava distante do clichê, tendo comentados romances com Rodolfo Valentino e Charles Chaplin.

Filha de chineses nascida em Los Angeles, Anna May Wong foi a primeira atriz de origem asiática a ter êxito no cinema norte-americano. Foi estrela de The Toll of the Sea (1922), primeiro filme mudo rodado em cores, e teve participação marcante em O Ladrão de Bagdá, com Douglas Fairbanks.

Barbara La Marr, nascida Reatha Dale Watson, foi uma das primeiras mulheres a se firmar como roteirista. Como atriz, estrelou A Garota Mais Bonita do Mundo, título com o qual passou a ser conhecida. Estrelou 30 filmes, entre eles sucessos como O Prisioneiro de Zenda, e assinou sete roteiros.

Billie Dove, ou Bertha Bohnny, filha de imigrantes suíços, trabalhou como modelo e corista do Zigfield Follies, para sustentar a família. Ficou famosa como a “coquete” (outro estereótipo) em filmes como Malícia e Inocência, Coração Intrépido e O Pirata Negro. Foi uma das preferidas do milionário recluso Howard Hughes.

Lili Damita era francesa e trabalhou tanto em seu país de origem quanto nos Estados Unidos. Teve destaque em Caravanas e A Ponte de São Luiz Rey. Mas também foi comentado seu casamento com Errol Flynn. O filho que teve com ele, Sean, desapareceu durante uma viagem à Ásia e ela passou longo tempo em busca de informações. Morreu em 1994, sem nunca mais vê-lo.

Clara Bow ficou conhecida como It-Girl. Sua infância foi trágica. A mãe, Sarah, prostituta ocasional e viciada, tentou matá-la para não ser levada a uma clínica. O pai, Robert, abusou dela sexualmente. Seus maiores sucessos foram It (que definia a mulher que tinha “algo a mais”) e Asas, primeiro filme a ganhar o Oscar. Manifestou sintomas de esquizofrenia, sendo internada várias vezes.

Louise Brooks foi a estrela de Lulu e A Caixa de Pandora, considerados avançados para a época. Teve carreira breve em Hollywood, entre 1925 e 1938, mas é lembrada como precursora do feminismo. Tinha personalidade forte e transmitia isso as suas personagens. O corte de cabelo, liso e curtinho, é imitado até hoje.

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