Marlene e Emilinha, rainhas do rádio

marlene e emilinha

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Elas eram consideradas as grandes rivais entre as cantoras do rádio, na época de ouro da Rádio Nacional. Marlene era chamada de A Maior e Emilinha Borba, além de Garota Grau Dez, tinha a honra de ser A Favorita da Marinha. Dizem que essa rivalidade nunca existiu, que eram amigas e só teria acontecido o boato porque em 1952, a cervejaria que patrocinava Marlene comprou quase todos os cupons da Revista do Rádio para que ela fosse eleita Rainha do Rádio. Os fãs de Emilinha nunca engoliram e os dois grupos não se certavam até o fim.

O fato é que tinham estilos bem diferentes. Marlene, cujo maior sucesso foi Lata d´Água, gostava de canções assim, que mostravam a realidade do brasileiro. Inclui em seu repertório muitas composições de Luiz Gonzaga e Adoniran Barbosa. Tinha estilo quase agressivo no palco e nos anos 70 modernizou a imagem, interpretando músicas de compositores como Gonzaguinha e João Bosco.

Já Emilinha (nascida Emília Savana da Costa, a 31 de agosto de 1923, no Rio de Janeiro) gostava de marchinhas de Carnaval e sambas. Era “brejeira”, como se dizia naqueles tempos, o que provou em Chiquita Bacana, seu grande sucesso. Permaneceu fiel a esse estilo até o final da carreira.

O nome real de Marlene era Vitória Bonaiutti e nasceu em São Paulo em 1922, mesmo ano em que acontecia a Semana de Arte Moderna. Escolheu a identidade artística porque era fã da atriz Marlene Dietrich. Começou a carreira nos anos 40, quando se mudou para o Rio de Janeiro, mesmo enfrentando a resistência da família católica e de ascendência italiana.

Um de seus maiores sucessos foi Qui Nem Jiló, lançando para a popularidade a dupla Gonzaga e Humberto Teixeira. Também teve sucessos marcantes com Sapato de Pobre e Zé Marmita, dois sambas com teor social. Com o declínio do rádio, reinventou sua imagem em shows para o teatro, como Te Pego pela Palavra, e também como atriz, atuando na primeira montagem de Ópera do Malandro, de Chico Buarque. Morreu, aos 91 anos, em 13 de junho de 2014, após sofrer falência múltipla dos órgãos.

Tomara que Chova foi uma das marchinhas mais famosas gravadas por Emilinha, que adorava o estilo e era intérprete fiel de Braguinha e João Roberto Kelly. Mas também passeou por outros estilos como o bolero e o samba-canção, casos de Dez Anos, regravada por Gal Costa, e Se Queres Saber, resgatada nos anos 80 por Nana Caymmi.

A verdade é que as duas nunca foram inimigas, apesar das brigas constantes entre seus fãs-clubes. Em 1997, as estrelas resgatam os tempos da Rádio Nacional num show marcante em que dividiram o palco com Cauby Peixoto e Angela Maria. Emilinha faleceu, aos 81 anos, em 31 de outubro de 2005, depois de sofrer um infarto em seu apartamento em Copacabana, bairro carioca onde sempre morou.

 

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