1936: formatura de Maneco Vargas, vinda da família do ditador, ascensão dos Pacheco e Chaves

O que parecer ser uma questão fortuita pode, na realidade, tratar-se de algo determinante. O “casual”, dessa maneira, nada mais é do que “causal”. A aparente casualidade acaba tornando-se a própria causalidade. Ou seja: o casual pode ser a causa. Foi o que aconteceu com a vinda, a Piracicaba, do filho de Getúlio Vargas, Manoel Antonio Sarmanho Vargas, o Maneco.

O filho do ditador era um “bom vivant”. Mas foi quem decidiu estudar Agronomia, dando continuidade à vocação dos Vargas, dos Sarmanho e dos Dornelles como “rancheiros gaúchos”. Maneco Vargas estudou na ESALQ, formando-se pela Turma de 1936, a mesma turma em que se formou João Pacheco e Chaves e outros dois piracicabanos que tiveram destaque na nossa vida pública e social: Romano Coury — irmão do empresário Alberto Coury — e Cyro Marcondes César. Outro Coury, Tufi, também amigo de Maneco Vargas, havia-se formado em 1934.

A vinda de Maneco Vargas, estudando na ESALQ, foi determinante para a carreira política dos Pacheco e Chaves. E, nessa aparente casualidade, aconteceu toda uma causalidade. Maneco Vargas veio a Piracicaba trazido pelas mãos de um dos homens de confiança de Getúlio, Luiz Simões Lopes, chefe-de-gabinete do Ditador e, depois, responsável pela reorganizacão do funcionalismo público brasileiro e fundador da Fundação Getúlio Vargas, criada para preparar administradores de empresas de um novo Brasil. Foram os Pacheco e Chaves — cuja história política remonta ao Império, uma das mais ricas histórias piracicabanas, ainda não devidamente contada — que acolheram Maneco Vargas, que hospedaram Luiz Simões Lopes.

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O patricarca da família era Jorge Pacheco e Chaves, o “doutor Jorge”, que pertencia ao Partido Democrático de São Paulo. O filho de Jorge, o nosso contemporâneo e falecido João Pacheco e Chaves, estudou com Maneco Vargas, na ESALQ. E Maneco era convidado permanente da “Chácara Nazareth”, a secular propriedade da família Conceição e Pacheco e Chaves, unidas por matrimônio. Foi através da hospitalidade a Maneco Vargas que os Pacheco e Chaves, nos tempos de Getúlio, se consolidaram politicamente. Em 1943, Jorge Pacheco e Chaves — por indicação de Luiz Simões Lopes — foi nomeado Prefeito de Piracicaba. E, nos anos seguintes, o filho de Jorge, João Pacheco e Chaves, passou a ter cargos públicos, desembocando na política.

No dia 28 de novembro de 1936, a Primeira Dama Darcy Sarmanho Vargas, acompanhada da filha Alzira, veio a Piracicaba para assistir à formatura de Maneco. A família presidencial hospedou-se na Chácara Nazareth, com direito a todas as manifestações de carinho da cidade. Alguns anos depois, uma nova liderança política aconteceria em Piracicaba, a de João Pacheco e Chaves, eleito deputado federal diversas vezes, além de altos cargos na administração pública.

Mas houve mais: Maneco Vargas — e isso foi tema de reportagem no jornal “A Província” — teria deixado, em Piracicaba, um filho, fruto de suas aventuras como estudante. E, agora, recentemente, na divulgação do diário secreto de Getúlio Vargas, surge outra novidade: a mulher de Luiz Simões Lopes — a socialite Aymée, nascida Sotto Mayor — teria sido a grande paixão de Getúlio, a “bem amada” de que ele fala em seu diário.

1 comentário

  1. Pedro Carraro em 01/10/2016 às 11:05

    “rancheiros gaúchos”?!?!?! Não existe esta categoria de gaúchos. Os Vargas eram “estancieiros”.

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