Sud Mennucci, falando de Monteiro Lobato: “um cético”

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Monteiro Lobato (foto: reprodução Google / Terra)

A escritora piracicabana Jaçanã Altair – de sobrenome Pereira de nascimento, e, depois, Guerrini, ao se casar com o também escritor Leandro Guerrini – teve a ideia, em 1946, de dramatizar um período da vida de Monteiro Lobato. Pelo visto, Jaçanã solicitou a interferência de Sud Mennucci, seu antigo professor, figura de destaque na Educação Paulista. No dia 20 de maio de 1946, Sud enviou a resposta para Jaçanã:

“Prezada colega. (…) Monteiro Lobato está de partida para a Argentina, onde vai residir. Declarou à imprensa que está cansado de viver num país onde falta tudo e onde há fila para tudo. Muda-se, portanto, para Buenos Aires, onde sabe que encontrará carne macia para seus bifes e pão branquinho para as refeições, além de outros artigos alimentícios que aqui escasseiam. Sua viagem está marcada para o fim do mês, de acordo com o noticiário, e por aí calculará a dobadoura que deve andar na casa de nosso homem por essas alturas. Aliás, deixe-me dizer-lhe que não gosto da ideia de dramatizar um trecho da vida daquele escritor. Não me consta que tenha lances dignos de fixação em drama, pois que se trata, no fundo, de um cético.”

[Este conteúdo foi publicado no “Almanak de Piracicaba”, editado pelo jornalista Cecílio Elias Netto, do jornal impresso “A Província”, que circulou como suplemento do jornal “A Tribuna Piracicabana”. Para este projeto, foram elaborados vários fascículos ao longo do período de novembro de 1995 a agosto de 1997.]

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