Campos Salles: de amigo a inimigo de Prudente

Campos Salles
De amigo pessoal de Prudente de Moraes – e seu sucessor – tornou-se, depois, adversário a quem Prudente nunca perdoou. Tanto assim que, antes de falecer, deixou o pedido final a seu sobrinho, Paulo de Moraes Barros: que impedisse a visita de Campos Salles ao seu leito de morte. Foi o quarto presidente da República brasileira, o segundo civil. Nome completo: Manuel Ferraz de Campos Sales. Nasceu em Campinas (SP), em 13 de fevereiro de 1841, filho de Francisco de Paula Sales e Ana Cândida de Sales. Foi jornalista, orador e advogado, exercendo atividade política desde muito jovem, em oposição à monarquia brasileira.
Ainda estudante de Direito, no Largo São Francisco, Campos Salles se elege deputado à Assembléia Provincial em 1867. Alinhando-se entre os que idealizam a República do Brasil, ele está entre os fundadores do Partido Republicano Paulista e um dos signatários do Manifesto Republicano de 1870, que abalou as estruturas imperiais. Em São Paulo, há uma notória inspiração da Conjuração Mineira do Século XVIII, das revoluções pernambucana (1817 e 1824), gaúcha (1835) e baiana (1837), que haviam sido esmagadas. Campos Salles articula as reações republicanas, mantendo as forças paulistas unidas ao lado de Prudente de Moraes, em Piracicaba, e Francisco Glicério, em Campinas. Todos eles haveriam de romper a aliança nos primeiros anos da República.
Foi ministro da Justiça, presidente da então Província de São Paulo e, finalmente, presidente da República, no período de 1892 a 1902. O seu governo foi um dos mais polêmicos da nascente república, pois Campos Salles impôs um regime de severidade fiscal e de saneamento das finanças, que se haviam esgotado com a Guerra do Paraguai, agravando-se ainda mais com a Abolição e a Guerra de Canudos, durante o governo de Prudente de Moraes. A sua imagem ficou desgastada a partir da imposição da política econômica conhecida como “funding-loan”. Criou o Imposto de Consumo que revoltou o comércio e a indústria nacionais. Sua severidade na fixação de impostos valeu-lhe o apelido de “Campos Selos”.
Foi Campos Salles quem instalou e inaugurou a chamada “Política dos Governadores”, também conhecida como política do café-com-leite, pelo rodízio que governadores mineiros e paulistas faziam na presidência da República. Foi essa política que provocou a revolução de 1930, levando Getúlio Vargas ao poder. Ao deixar o governo, entregando-o a Rodrigues Alves em 1902, Campos Salles foi vaiado pelo povo que apedrejou o trem no qual ele se encontrava para retornar a São Paulo.
Honesto e austero, Campos Salles morreu em 1913, homem pobre, com dificuldades financeiras pessoais.