Inhala Seca, medo secular

Fala-se da Inhala Seca desde os tempos dos escravos, figura fantasmagórica que dominava a região do Bongue e do Morro do Enxofre. A descrição dela foi feita, em 1900, pelo negro Tio Chico, no “Almanak” daquele ano: “o corpo coberto de mato no lugar de roupa, cabelos soltos e embaraçados e as unhas, de tão grandes, pareciam unhas de tamanduá, compridas e arcadas como os ganchos.”

Ela atirava pedras em quem se aproximava do local.

A Inhala Seca tinha sido uma mulher nascida em Piracicaba e que morrera tuberculosa, tendo sido enterrada no “cemitério velho” (no largo do Grupo Moraes Barros). Passados uns anos, os coveiros começaram a fazer uma outra sepultura no lugar onde ela fora enterrada e encontraram o corpo da Inhala Seca sem qualquer alteração, “inteirinho, sem faltar nem um fio de cabelo”. E concluíram: “A terra não quis comer”. Os coveiros voltaram a cobrir a sepultura, apavorados. E, cinco anos depois, abrindo o túmulo novamente, encontraram a mulher no mesmo estado, o corpo todo conservado.

Correu a lenda de que a mulher era uma santa e, então, foi-lhe feita uma capela no cemitério onde deixaram o corpo. Começou a haver romaria, a morta era tida como milagrosa. Mas, um belo dia, a santa sumiu. Passaram-se os anos, muitos e muitos anos, quase já não se falava mais nela quando um certo Joaquim Tristão – passando pela estrada velha do Pau Queimado – viu a Inhala Seca na barroca do Morro do Enxofre. Toda seca, enrugada, a mulher implorou que Joaquim a levasse, na garupa do cavalo, até Bom Jesus de Pirapora, para cumprir promessa. Mas Joaquiam se negou, amedrontado. A figura fantasmagórica prometeu-lhe um grande tesouro, mas, mesmo assim, Joaquim Tristão não aceitou e saiu correndo. A partir dessa narrativa, outras pessoas começaram a procurar a Inhala Seca, querendo o tesouro, mas eram espantados por ela ao se aproximarem da barroca.

Outra versão da lenda diz que a Inhala Seca foi uma dama piracicabana muito rica  que, ficando turberculosa por desgosto amoroso, se refugiou na mata e lá se escondeu. Com o tempo, enlouqueceu de solidão. O fato é que, por quase todo o Século XX, a região do Morro do Enxofre e do Bongue foi evitada pelos piracicabanos, com medo do fantasma da Inhala Seca, especialmente à noite.

4 comentários

  1. @HelliaLarissa em 13/05/2013 às 13:05

    Eu amo essa lenda!E a cada versão nova que ouço dela fico mais entusiasmada!

    • @cristinatkmais em 24/05/2013 às 18:15

      verdade Hellia

    • isabelly em 08/08/2013 às 16:43

      eu adoro tbm! tive que escrever ela na escola e adorei e muito legal me adiciona no fece

  2. Elizabeth da Silveira Nunes Salles em 10/03/2018 às 20:57

    Mais uma lenda para enriquecer nossa cultura

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