Memória – Centro Cultural Martha Watts (7)

Reproduzimos, em capítulos, um pouco da história da missionária metodista norte-americana Martha Watts e do Colégio Piracicabano – trajetórias que influenciaram a educação do Estado de São Paulo, no final do século XIX. Este conteúdo foi reunido na publicação que comemorou a inauguração do Centro Cultural Martha Watts.

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Lilly Stradley, que substituiu Martha Watts, em seu gabinete – ela permaneceu na direção do Colégio durante 30 anos: tímida, mas festejada pela comunidade.

O Colégio Piracicabano já recebeu em seus bancos alunos que, mais tarde, teriam expressão na política, nas artes, na diplomacia, na iniciativa privada, na educação, nas ciências, entre tantas outras esferas do contexto estadual e nacional. Por lá estiveram as elites do final do século XIX, representadas, por exemplo, pelos filhos e sobrinhos de Prudente de Moraes, sobrinhos do Marechal Rondon, de Luiz de Queiroz. Também passaram pelo Colégio Pérola Byington, o poeta Francisco Lagreca e, mais à frente no tempo, o empresário Dovílio Ometto.

Da área acadêmica, registra-se a presença de Tércio Pacitti, ex-reitor do ITA, e de Paulo Landim, ex-reitor da UNESP. E, da política mais recente, o ex-ministro do Planejamento, Alexís Stepanenko. O “Piracicabano” ainda acolheu grandes esportistas, como o jogador Nilton de Sordi, campeão do mundo de futebol na década de 40.

Independente da maior ou menor expressão desses ex-alunos, no entanto, cada um ajudou a compor a história dos 120 anos. As lembranças de alguns deles estão registradas aqui, flashes de diferentes momentos da história do Colégio. Um ponto em comum? Gratidão e saudade.

A testemunha mais antiga

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Sentada, lendo, à direita da ciranda (acima), Pattie James Mac Knight reconheceu-se na foto e recordou o nome de todas as amigas.

Pattie Jones Mac Knight, 94 anos, é, provavelmente, a aluna viva mais antiga. Ela foi “descoberta” numa exposição de fotos em comemoração aos 120 anos do Colégio. Pattie se reconheceu num dos grandes painéis expostos: uma foto do pátio do Colégio, onde internas brincam de roda. Pattie passou muito tempo olhando as imagens, identificando várias de suas amigas da época. E ela estava lá: sentada, num canto do jardim, observando a roda de amigas girar. Ela viveu no colégio no período de 1921 a 1923, onde cursou da 4a à 6a séries.

Tentamos falar com Pattie, mas a emoção da ex-aluna não permitiu, explicou sua família. Nascida em Americana, ela mora, hoje, em Boituva. Nossa ponte para esta história, no entanto, foi Rose May, concunhada de Maurício Wilber Mac Knight, o filho de Pattie – que também estudou no Colégio, em 1942. Foi May que nos trouxe referências sobre Pattie, que gostava muito de Miss Kennedy e de Helena Schalch.

E ela quase fugiu…

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Aos 94 anos, Pattie James com seu filho, sua neta e sua bisneta.

Aos domingos, a diversão era gastronômica: as internas compravam canas “altas e brancas” para chupar, além de bananas e laranjas que comerciantes levavam para dentro do pátio do Colégio para lhes vender. Escondidas, elas comiam suspiros grandes que duas irmãs funcionárias do Colégio faziam para vender durante a semana. E pulavam a cerca do pomar para “roubar” laranjas, que eram escondidas num buraco no chão, recoberto com terra.

Não apenas as travessuras parecem indicar uma personalidade mais forte: depois de dois anos e meio no “Piracicabano”, Pattie comunicou ao pai que sairia por causa de um desentendimento com alguém da administração do Colégio. O pai não concordou, mas foi deixado sem escolha: Pattie disse que fugiria se ele se recusasse a atendê-la. Ela e sua irmã, então, foram transferidas para o Colégio Mackenzie, em São Paulo.

Acompanhe outros capítulos da história da missionária metodista norte-americana Martha Watts e do Colégio Piracicabano, seguindo nossa hashtag Memória Martha Watts.

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