O sonho de Manoel Gomes Tróia (7)

O primeiro a votar, pois, foi o médico Benito Filippini. Em seguida, o dr. Nilson Machado. E, em seqüência, aqueles todos que, historicamente, se tornaram sócios fundadores da UNIMED-Piracicaba: os médicos José Pessoa de Aguiar, Pedro José Peccinini, Sérgio Caruso, Alex Vasconcellos Ribeiro, José Carlos Sajovic Forastieri, Nilton de Oliveira, Enéas Lamaire de Moraes (dentista), Arthur Campanhã Affonso, Wahibo João Saliba, José Mário Angeli, Raul Machado Filho, Gil Perches de Menezes, José Angelini, Jacob Bergamin Filho, Álvaro Manoel Antunes, Walter Calil Chain, Jackson Veloso Pompílio de Abreu, Ademar Pimenta de Souza, Wadih João Saliba, José Leny Jardim, Frederico Ildefonso Marri Amaral, José Francisco Botelho, Gustavo Peccinini Júnior, Ludmar Navajas Machado, Raimundo Sant’Ana, Carlos Alberto Cunha Martins, Jamil de Carvalho Muçouçah, Paulo Moreira Albuquerque, Odayr José Bortolazzo, Irineu Bacchi, Tito Gomes de Moraes, Caio Ferreira Carneiro, João José Correa, André Dias de Aguiar Júnior, Plínio Alves de Moraes, Alfredo José de Castro Neves, Omir Dias de Moraes, Legardeth Consolmagno, Antônio de Oliveira Assumpção, Lázaro da Cruz Lima, Alarico Luiz Amalfi, Heitor de Moraes Barros Filho, Alcides Aldrovandi, Manoel Gomes Tróia, Irene Gyongyver Heid Marie Lorand, Atahualpa de Mello Ferraciú, Irineu Pacheco Bacchi, Horácio César Piazzo, Bernardo Dias de Aguiar, Cláudio Mahn, Fúlvio Basso, Gyorgy Janos Gyuricza, Nelson de Barros, Pedro Antônio Barreto Cordeiro, Zeferino Bacchi, Helga Ruth Chaves, Cláudio Meirellles Chaves, Nelson Gimenes, Eurico Alexandrino de Souza, Oswaldo Cambiaghi, Isael Aranha Maia, Ben Hur Carvalhaes de Paiva, Milton Brunelli, Luís Dias dos Reis e Jorge Saliba.

Na mesma oportunidade, foi eleita a primeira diretoria da então denominada UNIMED de Piracicaba. Presidente, Manoel Gomes Tróia; Vice-Presidente, José Nilton de Oliveira; 1º Secretário, Alarico Luiz Amalfi; 2º Secretário, Caio Ferreira Carneiro; Tesoureiro, José Angelini. Comissão de Sindicância: Omir Dias de Moraes, Alcides Aldrovandi e Legardeth Consolmagno. Conselho Fiscal: Nilson Machado, Ademar Pimento da Souza e Benito Filippini, tendo como suplentes Arthur Campanhã Affonso, João José Correa e João Carlos Sajovic Forastieri.

Começava a tornar-se realidade o sonho desencadeado por Manoel Gomes Tróia. Os médicos de Piracicaba haviam-lhe dado total voto de confiança. Benito Filippini, um dos que acompanharam todo o processo e que cautela pedira a Manoel Gomes Tróia, abraçou-o e disse:

– “Você é mesmo um louco. Agora, força!”7

A SERVMED, em publicação assinada ainda por seu diretor-administrativo Pedro de Negri, já antecipara o surgimento da UNIMED, não tendo dúvidas de sua criação. E, com ironia evidente, congratulava-se com “a decisão dos médicos desta cidade que também e finalmente resolveram proporcionar ao povo e em especial às classes menos favorecidas da nossa Piracicaba um aten dimento médico hospitalar em condições econômicas mais suportáveis, através da UNIMED, que, assim, reconhecem o espírito pioneiro da SERVMED.” E completava: “Antes tarde do que nunca.”8

Tróia não se esqueceu. E, durante mais dois anos, continuou a sua luta contra as duas empresas de medicina de grupo, “os mercantilistas”, como nunca deixou de chamá-las. Naquele 14 de dezembro de 1970, dera-se apenas um passo. E as dificuldades eram muito maiores do que as previstas e imaginadas. Alcides Aldrovandi, vice-presidente e companheiro de Tróia, iria lembrar-se muitos anos depois, da “histórica viagem feita a Santos”, quando ambos foram “conhecer e buscar informações sobre a UNIMED”. Era um sábado, haviam saído pela manhã e, em sua maneira extrovertida de narrar os fatos como se fossem “causos”, Aldrovandi relembrou: – “Só fomos ‘almoçar’ na viagem de volta, às 22h30, chegando em Campinas.” 9

O nascimento fizera-se com dores e enfrentamentos. Mas, 33 anos depois, Manoel Gomes Tróia vê a extraordinária obra que nasceu de um simples sonho e comenta, entre orgulhoso e reflexivo: – “A UNIMED é minha filha por adoção e filha natural da APM…”10

A pedra e o discurso

No caminho de Manoel Gomes Tróia, tinha uma pedra. Tinha uma pedra no caminho dele. Mas, com um discurso retirado do bolso – manuscrito em papel timbrado da APM, regional de Piracicaba – ele mostrou estar disposto a enfrentar a pedra do caminho.11 Aos já cooperados, Tróia falou, naquele dia 14 de dezembro de 1970. E não teve qualquer constrangimento em se considerar o líder do movimento. Pois, na verdade, tinha-o sido.

Foram estas as suas palavras (Fac-símile da primeira página, manuscrita):

“Entre a época em que a medicina era completamente uma profissão liberal e a época atual, em que atingiu o alto grau de distorção em que os pacientes são reduzidos a números de matrículas ou de cadastro e os médicos completamente despersonalizados, muitos anos se passaram. Tudo começou quando os Institutos de Previdência, desviando de sua rota principal, enveredaram para o caminho da assistência médica e, completamente despreparados de assessoria, de verbas, de estrutura básica, de planejamento foram se comprometendo e compromissando cada vez mais, com seus segurados que, se de início, eram constituídos pelos trabalhadores humildes de ‘salário mínimo’, logo passou a configurar a quase totalidade da população do País.

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