A HISTÓRIA QUE EU SEI (XIII)

Fleury na Prefeitura
A legislação eleitoral não havia previsto a eleição e a figura dos vice-prefeitos. Assim, quando Luiz Dias Gonzaga se afastou para ser candidato a deputado estadual e quando de sua posse na Assembléia Legislativa, quem assumiu a Prefeitura foi o advogado Aldrovando Fleury Pires Corrêa, então na Presidência da Câmara Municipal.

Aldrovando Fleury era homem da mais completa confiança de Mário Dedini – de cujas empresas era o responsável pela área jurídica – e do empresariado local. Tinha sido eleito vereador pela UDN, acompanhando Luiz Dias Gonzaga, a quem politicamente estava vinculado. Quando, pois, Luiz Diaz Gonzaga deixou a UDN para ingressar no PSP, Aldrovando Fleury também deixou o partido e ingressou na organização “ademarista”, tornando:..se um fiel correligionário, parte da entusiástica e quase por assim dizer fanática legião “pessepista”.

Aldrovando Fleury permaneceu na Prefeitura ao longo do ano de 1951, de 8 de Fevereiro a 31 de Dezembro, presidindo as eleições municipais daquele ano, tentando ocupar o vazio de liderança deixado por Luiz Dias Gonzaga. O PSP, seu novo partido, não tinha candidato de expressão a ser lançado. A UDN, ainda indignada, aliou-se ao PTB e ao PSD, apoiando a candidatura de Samuel de Castro Neves. Os “ademaristas” do PSP, capitaneados por Luiz Dias Gonzaga, lançaram a candidatura de um professor da Escola Normal, Messias Symanski.

Da administração de Aldrovando Fleury, ficou uma iniciativa altamente positiva: foi ele quem determinou o primeiro asfaltamento da Av. Independência, da rua Benjamin Constant até a Santa Casa de Misericórdia. E um outro acontecimento, desta vez nebuloso: com a aprovação da Câmara Municipal, o Prefeito Aldrovando Fleury doou, na Vila Rezende, uma rua onde se unificaram os barracões e edificações das Oficinas Dedini …

Alguns adversários de Aldrovando Fleury, à época, lhe atribuem a iniciativa de ter procurado convencer Luiz Dias Gonzaga para a derrubada do Teatro Santo Estevão, que fora construído pelo Barão de Rezende, Estêvão Ribeiro de Souza Rezende. Era um belo teatro, no andar superior do qual se instalava a Biblioteca Municipal. Argumentava-se que Aldrovando Fleury pretendia a derrubada do Teatro para que, no local, se construísse um edificio de apartamentos, que teria o apoio de Mário Dedini. Essa versão ficou. No entanto, quando o Teatro Santo Estêvão foi derrubado na administração de Luiz Dias Gonzaga – que, também, ampliou a praça onde ele estava localizado dizia-se que o prédio estava condenado, dominado por cupins. E, além do mais,já fora desvirtuado em suas finalidades artístico culturais. No velho “Teatro São José”, funcionavam, ao seu final, espetáculos de luta-livre, “show~” radiofônicos ao vivo, além de, no Carnaval, bailes populares condenados pelas senhoras mais recatadas da cidade, na então famosa “Boca do Diabo”. Nisso, transformara-se o velho Teatro Santo Estêvão, uma obra de arte que não foi conservada. Na Câmara Municipal, há manifestações de apoio pela derrubada do Teatro por intelectuais como Guilherme Vitti e João Chiarini, que nunca foram perdoados por essa tomada de posição, por maiores razões que lhes sobrassem. Restou apenas uma dúvida: poderia ou não ser reconstruído o velho e belíssimo Teatro Santo Estêvão?

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