Dr. Osório de Souza

Caipivariano (de Capivari, SP). Nasceu antes, muito antes, da Abolição da Escravatura (1888).

Músico (flautista), compositor, arranjador, seresteiro e serenateiro, integrou os grupos instrumentais e vocais do final do século e da primeira trintena de anos deste.

Conheci-o, residindo e domiciliado à Rua Moraes Barros, esquina da Rua Tiradentes. Via-se a sua figura, já idosa, soprando a flauta, emitindo uma sonoridade limpa.

Outras vezes subia a Rua Moraes Barros, sobraçando o estojo com a flauta. Seguia rumo à “Gazeta de Piracicaba” com a redação à Rua São José, fronteiriça ao Teatro, recém construído (1927).

Poliglota, dominava as línguas grega e latina. Forante o francês, o espanhol. Mestre da literatura luso-brasileira, discorria sobre Camillo Castello Branco, Antônio de Castilho, Eça de Queiróz, Ramalho Ortigão, Alexandre Herculano, Antero de Quental, Fialho de Almeida, Fernando Pessoa e todos os nossos clássicos.

Integrava os conjuntos que ilustravam os coretos internos dos cinemas mudos locais.

Bacharel pelas “Arcadas”. Homem sensível e como tal, foi tribuno em as sessões periódicas dos juris. E, paralelamente, juntava-se aos seresteiros e serenateiros de que Piracicaba foi fértil.

Boêmio, por excelência, foi em uma dessas reuniões de bar, que Newton de Almeida Mello lhe cantou pela primeira vez a canção-hino “Piracicaba” e, também, para um grupo de ouvintes, estes seus íntimos amigos.

Foi Osório de Souza quem consertou a melodia e a harmonia daquela peça musical. Acredito até que tenha musicografado o seu esboço, cabendo a Pedro de Mello (seu genitor) o trabalho definitivo.

Não sei Osório de Souza muito tempo docente. Os quadros de formatura, uns poucos que restaram da Escola Técnica de Comércio “Cristóvão Colombo”, não há o seu retrato. Esteve sim na Faculdade de Direito de Piracicaba (onde está a Rádio Difusora), em 1934/1937. Fechada em o Estado Novo (10.11.1937).

A Rua que leva seu nome, na Vila Independência, é denominação minha. Começa na Rua Dr. Alvim e termina na Avenida Carlos Martins Sodéro.

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