Recado ao Prefeito Ferrato

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escrevendo-carta-1024x692Contribuí e alinhei-me com a maioria para sufragar seu nome na difícil tarefa de governar Piracicaba, cuja administração é hoje considerada emblemática, em face dos inúmeros desafios próprios do intenso desenvolvimento. Nesta última década, especialmente, os problemas avultaram, tanto os maiores quanto os aparentemente menores, acarretando sérios prejuízos à qualidade de vida de seus cidadãos.

Neste início de gestão, os prefeitos se organizam para traduzirem suas diretrizes e planos de campanha em ações concretas e efetivas de governo; pelo menos é o que se espera dos bem intencionados e leais ao que se propuseram. No longo e no curto prazo, mediante grandes e pequenos gestos, o governo de uma cidade e suas resultantes vai demonstrar ou não a eficácia ou a incapacidade de quem a conduz. Nós, os munícipes, torcemos e fazemos votos para que seu nome se alinhe entre os primeiros.

Pois bem, o motivo de meu recado, embora aparentemente pequeno, é grande, em se tratando de um problema de estrutura urbana que afeta diretamente o chão da vida cotidiana dos moradores. Há muito tempo, este problema persiste e, confesso, já o abordei,anteriormente, sem resultado.

Uma cidade existe para ser usufruída, contemplada e freqüentada; há de ser bela, amigável, limpa, acolhedora, notadamente nos espaços centrais que constituem sua vitrine. Suas praças são ou deveriam ser redutos do lazer, da distração, do convívio, do brinquedo e do extravazamento infantil, das bandas e retretas que animam e promovem alegria. Em Araras, município próximo do nosso, a praça principal faz inveja aos visitantes. Após as Missas na Igreja Matriz, os fiéis se encaminham para a bela praça e ali se processa o encontro das famílias, a confraternização e o sadio convivio das gerações.

Em flagrante contraste, a cidade que tem tudo para ser um pólo turístico,o que vemos: sujeira, barulho, trânsito desordenado, calçadas esburacadas e perigosas, com desníveis, falhas e bloqueios que dificultam a circulação e provocam quedas irreparáveis, bueiros e meio-fios entupidos com toda sorte de lixo que, a uma chuva mais forte, produzem enxurradas intransponíveis ,moradores de rua dormindo até nas calçadas, dejetos de animais. Isto, em pleno centro, onde moro, em que estes espaços devem ser cuidados com urgência e ação permanentes.

Em Curitiba, a cidade que, sem dúvida, é um exemplo de qualidade de vida e respeito ao meio ambiente, primando por uma continuidade de administração que significa civilização política, o asseio das ruas, das praças e parques demandou algumas medidas, relativamente simples. Na Capital do Verde, há uma vigilância constante por parte de duplas uniformizadas, chamadas “Cosme e Damião”( andam sempre aos pares), impedindo a infração dos “sujimundos”e a danificação dos espaços públicos. O problema foi resolvido mediante uma ação enérgica do então prefeito Jaime Lerner, um grande estrategista e urbanista, que soube implantar em sua administração a marca corajosa da inovação, com resultados extraordinários. Seria o caso até de mexer no bolso dos infratores, cobrando multas. Também os moradores precisam conscientizar-se de que a cidade é nossa casa maior e, como tal, dever ser cuidada. Não deveríamos precisar de leis para que se preservem e respeitem os bens comuns.

Nossa praça principal virou reduto dos desocupados, dos moradores de rua, dos marginais Lá, nenhum morador das proximidades, se atreve a passar, depois das 18 horas.

Causa uma enorme tristeza esta constatação diária, a partir das primeiras horas da manhã. Nosso povo necessita muito de uma cultura urbana, de uma educação que ainda vai demandar algum tempo; tudo se torna muito difícil na falta desses requisitos.

Caro Prefeito: o sucesso de qualquer administração, aquela que faz a diferença, consiste na construção de uma vida civilizada e concentrada numa política maior, de cidadãos ativos e conscientes de seus deveres e obrigações, em que a meta pelo bem comum seja a finalidade recíproca de todos.

1 comentário

  1. Antonio Carlos em 09/02/2013 às 17:59

    Parabéns pelo texto. Concordo plenamente. Não adianta estarmos entre as cidades mais ricas do Estado se não dá para viver nela com um mínimo de conforto, acolhimento e segurança.

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