Luciano e o Bidê do Bentão

Na primeira administração de Luciano Guidotti (1965/1959), houve a verdadeira revolução urbana de Piracicaba. Muitos fatores colaboraram para o êxito do dinamismo ímpar e o visionarismo de Luciano Guidotti. Com ele, rompia-se o ciclo dos coronéis na política piracicabana, dos quais os grandes expoentes tinham sido Luiz Dias Gonzaga e Samuel de Castro Neves.

Ao vencer Luiz Dias Gonzaga, Luciano não esqueceu mágoas da campanha. Era o italianinho contra o velho coronel. Filho de Luiz Gonzaga, um dos grandes políticos locais era Bento Dias Gonzaga, deputado estadual, com grande influência no governo paulista. Bento era um homenzarrão simpático, afável, folgazão, popular e querido da população. Muito gordo, tornou-se carinhosamente conhecido como Bentão. E Luciano Guidotti tinha implicância especial pelo simpático Bentão, o deputado que costumava dar-lhe apertos políticos.

Foi, então, que Luciano Guidotti decidiu, entre tantas reformas e construções, mudar inteiramente a Praça José Bonifácio. E realizar aquele que era um seu sonho pessoal, além de verdadeira mania nas prefeituras interioranas de todo o Brasil: a construção de uma Fonte Luminosa, no jardim principal. Luciano quis, teimou, construiu. Era um imenso tanque, verdadeira piscina que, à noite, jorrava água toda iluminada, em efeitos realmente espetaculares.

Depois de inaugurada a obra, Luciano não se cansava de ir até a Praça admirando a sua criação. À época, ele tinha a agência GMC, na esquina da rua Governador  com São José. Ele saía do escritório, ia até a praça, olhava a fonte, seguia para a Prefeitura, no antigo Solar do Barão, destruído por ele mesmo.

Um dia, talvez mais inspirado com a beleza de sua obra, Luciano se entusiasmou, pensando no adversário político, o deputado Bento Gonzaga. E falou:

– Óia, gente. Essa nossa fonte num parece o bidê do Bentão?

E assim foi batizada a Fonte Luminosa de Piracicaba: o Bidê do Bentão.