Passa da Hora

Os textos de diferentes autores publicados nesta seção não traduzem, necessariamente, a opinião do site. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

23-1101

Não é de presidente, governador ou prefeito o principal cargo em nosso sistema de governo. É o de parlamentar. No caso das próximas eleições, o de vereador. Ele propõe emenda, rejeita, aprova e transforma em lei o Plano Plurianual, as Diretrizes Orçamentárias, o Orçamento e outros projetos enviados pelo Executivo; também faz leis, mas sua principal função no dia-dia é fiscalizar ações do prefeito, mesmo sendo de seu partido. É como se fosse um guardião da ética e da coisa pública, zelador da justiça e da equidade. Se a população levar à Câmara cidadãos honrados, a cidade estará salva, mesmo tendo um prefeito limitado ou mal intencionado. O contrário procede. Mesmo um bom prefeito não consegue governar com uma Câmara cheia de pilantras; nem tendo o melhor presidente da república ou governador de estado, afinal quem ‘manda’ na cidade é o poder local. Portanto, a responsabilidade de cada eleitor é grande.

Vinte e dois dos 23 vereadores de nossa cidade pleiteiam reeleição. Os pré-diluvianos João Manoel e Longatto, por exemplo, ocupam o cargo há quase 30 anos. Márcia, 24 anos. Ary Pedroso, Capitão Gomes, José Lopes, 20 anos.  André Bandeira e Paulo Paranhos 12 anos. Essa gente já fez o que sabia fazer, e, sem dúvida, muita coisa boa fizeram. Deram, portanto, sua contribuição. Todo cidadão e cidadã deveriam passar pela experiência de trabalhar um pouco que seja pelo bem da coletividade. Deveria ser oportunizado a todos os contribuintes o conhecimento da máquina pública por dentro. Se esses vereadores aferrados ao cargo estivessem interessados no bem da cidade mais que no seu, teriam preparado novos líderes para fazerem melhor que eles, e isto lhes seria motivo de satisfação e prestígio. Tempo tiveram, e de sobra.

Passa da hora, portanto, de darem lugar à novas cabeças. Piracicaba precisa disso. Mandado de vereador é uma atividade dinâmica; não é cargo vitalício e nem profissão. É um serviço que se presta a população e à democracia. É preciso disponibilidade total e isso cansa. Portanto, vão descansar. Descubram que há vida além da política. Caso contrário, como a gente se acostuma com tudo, vocês vão acabar achando que o gabinete que ocupam é seu, quando na verdade pertence à coletividade e aos que pleiteiam o direito de poder dar seu quinhão para melhorar a cidade.

O maior pecado dos vereadores foi a tal “Base Aliada”, embora nessa última legislatura tenha se esfarelado um tanto porque o prefeito atual se destucanou, dada a rasteira que disse ter levado de seu partido (PSDB) e de seu padrinho, tido na Câmara como o melhor prefeito que Piracicaba já teve. Vão vendo o absurdo! Contudo, nesta última década a tal “Base” reinou absoluta. Pagamos 23 vereadores, mas, na prática, tivemos seis: os dezoito concordinos da base, que valeram um só voto; quatro da oposição e um, que dançava conforme a música. Todo mundo sabe no que deu. O que o Executivo mandou foi aprovado sem questionamentos, e o que não quis foi rejeitado. Pior ainda, foi blindado por todos os lados. Isso não é democracia, nem buscar o bem da cidade, menos ainda governar para o povo, mas para um partido e seu projeto de governo, que beneficiou principalmente empresários, imobiliárias, ricos e etc. Um acinte à Constituição, que diz serem os poderes harmônicos, porém independentes.

Não posso generalizar, mas em troca do apoio político prejudicaram a população porque não cumpriram integralmente seu dever; nem as matérias discutiam. Isso é coisa de mercenário. Adianta ler a Bíblia em todas as sessões – até expulsaram um jovem por não ter ficado em pé -, invocar a proteção de Deus e não fazer a sua vontade? Por isso, eleitor piracicabano você decide. Existe muita gente bem intencionada e comprometida querendo ser vereador de verdade.

É só abrir os olhos, reclamar menos e se interessar mais pelo futuro da cidade que pela cidade do futuro.

Deixe uma resposta