“In Extremis” (110) – Parlamentarismo monárquico-militarista-clerical

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(imagem de Clker-Free-Vector-Images, por Pixabay)

O Ministro Paulo Guedes informou não saberem, ele e sua equipe, o que sejam feriados, sábados e domingos. A afirmação deu-me o que pensar. Ora, se tanto trabalho há, por que, diabos, o presidente não participa disso? Pois ele só fica passeando, divertindo-se em praias, dirigindo motos e lanchas, cavalgando, tirando férias milionárias, batendo-papo com sua claque. No Brasil, presidente não trabalha?

Essa minha inquietação fortalece-me algumas convicções. A principal: o Brasil não precisa de presidente. O governo é administrado por equipes de assessores, funcionários, auxiliares. Presidir o país seria, pois, como que um ato decorativo. Logo, preciso é encontrar uma forma de governo que reflita a alma, o espírito, a formação do povo brasileiro. Mas qual?

Ora, mesmo sabendo que nada sei, algumas coisinhas aprendi. Creio, porém, que suficientes para meditar sobre um Brasil que não consegue ter identidade nacional. Agora mesmo, não consigo entender se estamos num circo ou na Casa da Mãe Joana.

Em meu entender, ter ou não um presidente já não faz diferença. Desde, porém, que ele não abra a boca. Mas o país tem que ser governado. Acredito, assim, que o parlamentarismo venha a ser uma solução, desde que genuinamente brasileiro. Pois, a partir da proclamação da República, apenas tentamos imitar, copiar – e isso nunca deu certo.

Seria um governo conforme a alma brasileira. Por isso, o primeiro-ministro seria, necessariamente, um militar. Dessa forma, ficaria atendido o histórico, genético, irrefreável desejo de poder das casernas. A base governamental estaria, assim, formada: parlamentar-militarista. Mas e as ansiedades, os sonhos, a alegria do povo?

Minha proposta é a de nosso parlamentarismo-militarista ser, também, monárquico. Imaginem o encantamento nacional com uma família real em Petrópolis! Quantas frustrações, quantos saudosismo não seriam, finalmente, resolvidos? Somos a república com o maior número de majestades: Rei Pelé, Rei Roberto Carlos, Rei da Voz, Rainha do Bumbum, reis do café, da soja, Rei Momo, a nossa vizinha Princesa D´Oeste – e por aí vai.

Nossos meios de comunicação teriam farto e saboroso noticiário: D. Joãozinho de Orleans e Bragança – meu candidato – saiu para pescar; a Rainha machucou o dedinho do pé; a princesa está grávida; o príncipe embriagou-se numa boate, veladas insinuações de adultérios… E, enquanto isso, o parlamento-militarista aprontaria das suas. Tranquilamente.

Completando o parlamentarismo-militarista-monárquico, haveria o poder clerical, a poderosa voz dos religiosos. O primeiro ministro, além de militar, seria religioso. Diante de religiões, seitas, cultos, terreiros – minha sugestão é a de que o Premier seja um daqueles católicos bem relaxados. São os que considero sincréticos, pluralistas, ecléticos, universalistas, democráticos. Eles não têm preconceitos: vão à missa, frequentam candomblé e umbanda, fazem macumba, rezam o terço, acreditam em horóscopo, confessam-se com padres, pastores e orientam-se com pais e mães de santo. São tudo para todos.

Eis meu Brasil ideal: parlamentarista-monárquico-militarista-clerical.

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