Boi enforcado no poste

Um fato, que pode parecer inaudito nos dias atuais, foi noticiado, ao início de 1935, no jornal “Diário de Piracicaba” como representativo de um tempo. Transportavam-se pelos trens da Paulista, boiadas que, comumente, atravessavam a cidade e cuja lembrança ainda sobrevive na memória de alguns.

A matéria relata que, quando uma boiada se encaminhava para o embarcadouro do Bairro Verde, oito bois acabaram fugindo. Sete foram imediatamente recapturados, mas um deles tomou o rumo da cidade, sendo perseguido, a cavalo, por José Gonçalves. Segue-se, então, o relato do ocorrido: “Laçado na rua Santa Cruz, o boi investiu contra o cavalo que José Gonçalves montava, matando o animal com violenta chifrada. José Gonçalves, conseguindo segurar a ponta do laço, enrolou-o em um poste que havia nas proximidades, prendendo assim o boi tresmalhado que, seguro pelo pescoço, morreu enforcado em virtude dos esforços que envidou para libertar-se”.

A matéria teve, entretanto, prosseguimento na edição seguinte, quando José Gonçalves foi identificado como o dono de uma boiada, que contava 227 reses que acabaram embarcadas normalmente. Gonçalves garantiu que a fuga só ocorrera pela falta de qualidade nos serviços da Cia Paulista, cujos fechos das cercas dos embarcadouros estavam em péssimo estado. O cidadão se achava em pleno direito de tornar pública a reclamação já que, em 1934, transportara, pelos trens, 5 mil bois, pagando à Cia Paulista 55 contos de réis, o que, no seu entender, o qualificava a reclamar da qualidade do serviço prestado.

 

 

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