Início do século 20: violência era ligada a negros, imigrantes e ciganos
Pesquisa desenvolvida pelo professor José Luis Simões, através da análise de jornais de Piracicaba entre 1900 e 1922, indica que a violência parece estar tão presente no município àquela época como nos dias atuais deste 2007. Segundo ele, praticamente todas as edições traziam notícias sobre violência e das formas mais variadas possíveis. Ele destaca o noticiário sobre “roubos de animais, maridos que espancavam suas respectivas mulheres, invasões em domicílios, suicídios, assassinatos, parricídios, infanticídios, brigas, enfim, o cardápio das violências cotidianas guardava pouca e sutil diferença em relação ao vivenciado hoje.”
Chama a atenção, entretanto, em seu trabalho, a forma como ganhavam especial destaque no noticiário policial os imigrantes, os negros e os ciganos, a quem ele qualifica como os “outsiders”da época. Em sua análise, o cenário que se encontra a partir das reportagens é “de uma sociedade dual, nitidamente dividida entre as elites que buscavam desenvolvimento e progresso e os desocupados, embriagados, negros e imigrantes que cotidianamente protagonizavam os acontecimentos de violência e desordem social”.
O grupo menos estudado em pesquisas anteriores é o dos ciganos, que ele mostra ser várias vezes caracterizada pelos jornais como “um cancro social”. Os principais problemas a eles incorporados eram de desordens e ofensas a moral pública. Um dos textos selecionados pelo pesquisador indica claramente a forma como os ciganos eram vistos: “Continuou ontem a exibição ridícula e pouco decorosa dos ursos e macacos pelo bando de aventureiros maltrapilhos que atualmente infesta as ruas desta cidade. Parece incrível que se consinta na repetição de tão deprimente espetáculo, que não condiz com nossos foros de cidades civilizada”.