Djalma de Lima, a mulher e o cachorro
Djalma de Lima foi um dos grandes repórteres de Piracicaba, tanto no jornalismo impresso como no radiofônico. O verbo, usado no passado, se deve ao fato de Djalma de Lima exercer, hoje, suas atividades na área da assessoria de imprensa. Valente, brigador, com instinto para a reportagem, Djalma de Lima enfrentava todas as paradas, aceitava todas as missões jornalísticas que lhes eram exigidas, mesmo tendo problemas de deficiência visual. À distância, Djalma tinha dificuldades, vendo vultos e não detalhes.
Certa feita, lá se vai Djalma de Lima cobrir uma entrevista coletiva na residência de conhecida personalidade piracicabana, respeitada e atuante. Abra-se um parêntese para ficar mais fácil a compreensão: a mulher do personagem, já idosa, era uma senhora de estatura baixa, corpo roliço, uma figura exótica especialmente pelo fato de usar uma peruca esquisita. Digamos: baixotinha, gordinha, com peruca de cor bem preta, o que destacava mais o aparato do que a própria pessoa.
E lá se foi o Djalma à casa do entrevistado onde já se encontravam outros jornalistas e repórteres. Djalma chega, aproxima-se da porta e, de repente, estanca. Amigos acenam para o Djalma. E Djalma estancado à porta, lívido, suando em bicas. Ele não entrava e não saía. Até que o próprio dono da casa, o entrevistado, muito gentil e cavalheiro, vai buscá-lo:
“Vamos entrar, seu Djalma de Lima, vamos entrar, faça de conta que a casa é sua.”
– Obrigado, vou entrar. Mas antes, por favor, o senhor tire o cachorro que está ali no canto da sala.
Era a mulher do entrevistado, sentadinha no sofá, na penumbra.
Quem não o conheceu precisava conhece-lo, grande figura o Djalma. Grande abraço.