O “Jornalista da República”: o caipira Júlio Mesquita

Júlio César Ferreira de Mesquita

Ele foi secretário pessoal de Prudente de Moraes. Júlio César Ferreira Mesquita, que se tornaria conhecido apenas como Júlio Mesquita, nasceu em Campinas (SP), em 18 de agosto de 1862. Com três anos de idade, a família levou-o a Portugal, onde fez os primeiros estudos. Retornou a Campinas com aos oito anos, prosseguindo sua instrução no Colégio Culto à Ciência, onde ficou até 1878, quando se matriculou na Faculdade de São Paulo.

Foi nessa época – entre 1879 e 1883 – que se empolgou com o ideário republicano e, ainda na faculdade, destacou-se como vibrante propagandistas da República, ainda influenciado pelos ecos da passagem de personalidades brilhantes pelo Largo de São Francisco: Prudente de Moraes, Rodrigues Alves, Campos Salles e outros. Sua inclinação para o jornalismo revelou-se em seus escritos no jornal “A República”.

Direito e jornalismo

Júlio Mesquita bacharelou-se em 1883 e, no ano seguinte, instalou a sua banca de advogado em Campinas. Casou-se com Lucila Cerqueira César, filha de poderosos fazendeiros, com quem teve os filhos: Júlio de Mesquita Filho, casado com Marina Vieira de Carvalho;  Raquel, que se casou com aquele que seria governador de São Paulo, Armando de Salles Oliveira; Esther (solteira); Maria, casada com CArolino da Motta e Silva; Francisco, casado com Alicei Vieira de Carvalho; Sarah, casada com Antônio Mendonça; Judith, casada com Carlos Vieira de Carvalho;Lia, Alfredo, Ruth, José e Suzana, solteiros.  A advocacia não era suficiente para os ideais de Júlio Mesquita, pois sua vocação jornalista o chamava para vôos mais altos. Escrevia artigos que, pelo estilo preciso e cultura sólida, despertavam a atenção, quer na “Gazeta de Campinas” quanto na recém-fundada “A Província de São Paulo”, que se tornaria o hoje centenário jornal “O Estado de São Paulo”. A partir de 1886, tornou-se redator daquele jornal e, de 1891 a 1927, seria seu diretor  e proprietário, iniciando uma grande caminhada jornalística que se transmitiu de geração a geração dos Mesquita.

O líder republicano

Júlio Mesquita – por seu abolicionismo extremado e republicanismo candente – passaria para a história como o “jornalista da República”, tal a influência que passou a exercer com sua atuação e seu ideário. Com a proclamação da República, tornou-se secretário de Prudente de Moraes, que seria o primeiro governador republicano em São Paulo e, em seguida, o primeiro presidente civil da República. Foi eleito deputado à Assembléia Estadual de São Paulo mas, já revelando o seu inabalável espírito democrático, renunciou ao cargo quando do golpe político desencadeado pelo Marechal Deodoro da Fonseca.

Foi, ainda, eleito deputado à Câmara Federal e Senador da República, não chegando, porém, a participar das sessões do Senado, pois passara a dedicar-se exclusivamente ao jornalismo.

O escritor

Júlio Mesquita revelou-se, também, notável escritor. Estreou com o conto intitulado “Um lindo Natal”, publicado no “Almanaque de Campinas” de 1877. Seus trabalhos literários se tornam mais elaborados a partir de uma viagem à Europa onde, enviando suas impressões para o Brasil, escreve “De Lisboa”, sobre assuntos políticos e “Cartas a um Amigo”. Tornou-se famosa uma polêmica literária que travou com o escritor Júlio Ribeiro, tido como “pai do naturalismo brasileiro”. Juntamente com Plínio Barreto, Alfredo Pujol e Luiz Pereira Barreto, Júlio Mesquita fundou a “Revista do Brasil”.

No final de 2002, o jornal “O Estado de São Paulo” editou, em livros, as análises e reportagens de Júlio Mesquita sobre a Primeira Guerra Mundial. O “jornalista da República” faleceu em São Paulo, no dia 15 de março de 1927, tendo vivido a tempo de ver consolidar-se a grande paixão de sua vida, o jornal “O Estado de São Paulo”.

3 comentários

  1. Marina em 10/01/2013 às 05:54

    Olha só!!!!! Quanta ironia!!!!!!!!!!
    KKKKK

  2. rodrigo mesquita em 07/05/2019 às 14:29

    Francisco Mesquita, pai do Júlio, foi um emigrante semi analfabeto, que veio para o Brasil buscar a vida. Veio atrás do seu irmão mais velho, que tinha vindo alguns anos antes, e chamou os outros irmãos. Júlio Mesquita, meu bisavô, não tinha vergonha em dizer que seus ancestrais carpiam a terra do sol nascer ao sol se por.

    Não sei de onde a senhora tirou este família abastada.

    • rodrigo mesquita em 07/05/2019 às 14:34

      ps: francisco mesquita nunca teve um metro quadrado de terra. tinha uma loja de tecidos e congêneres e no final da vida uma casa que comerciava café. esta atividade o levou à falência e, em consequência, à morte prematura. sua mulher, que teria sido muito inteligente, se alfabetizou adulta no Brasil.

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