Os arquivos pessoais de José Maria Goldschrnidt conservaramm fotos que são precioso registro histórico do que eram as pescarias no rio Piracicaba, a importância dos “ranchos” na vida dos pescadores e na própria cultura piracicabana. Num tempo em que o rio Piracicaba se torna vítima inocente de tantas agressões e culpas, a memória fotográfica daquelas pescarias tem o sentido de, também, realimentar a consciência dos que lutam para salvar o rio.
São uma pescaria e excursão ao longo do rio, em direção ao salto de Itapura, realizadas em 1949, saindo da rua do Porto.
Confira as fotos retiradas do Memorial de Piracicaba – Almanaque 2000:
Os pescadores – Os piracicabanos que realizaram a pescaria e a excursão foram: Osório Monteiro, José Maria Goldschmidt, Lauro Mastroldi, José Ribeiro, Laureano Dorta, Augusto Golsdchmidt e Antonio Decussau (agachado). Destaca-se a quantidade de botes atracados na rua do Porto, diante do Regatas, justificando a afirmação de Jacob Diehl Neto de que Piracicaba tinha mais botes do que automóveis.
Os apetrechos – Pescadores, indo para o rio, sabiam quando estavam saindo, mas não quando voltavam. Isso acontecia tanto com pescadores profissionais quanto com amadores. Para a descida do rio, era preciso prever quase tudo: comida, combustível, varas de pescar, colchonetes, cobertores, comida, faroletes, baterias, ferramentas, material de cozinha e, evidentemente, a pinga.
O Comboio – Os aventureiros em direção ao Itapura viajavam em comboio, tendo o “comandante” à frente, sempre o navegador mais experiente, conhecedor dos segredos do rio. Na foto, o comboio, liderado por José Carlos Ribeiro.
O rancho histórico – A foto é do rancho de Paschoal Guerrini, tido como o primeiro rancho de piracicabanos no rio Piracicaba. No rancho de Guerrini, fazia-se verdadeira pousada, pois era ponto estratégico para carregamento de madeira pelo rio. Nela, patrões e empregados conviviam dias seguidos à espera de abastecimentos e carga. A casa é de madeira, não existe mais. Foi construída sobre pilares à beira do rio especialmente para prevenção contra a presença de onças.
Descanso – Ao longo do rio, há lugares estratégicos para descanso. Os barcos ficam amarrados à beira-rio enquanto os pescadores encontram lugares adequados para repousar e cuidar da alimentação.
Água limpa – Ver o rio Piracicaba no final do século XX é presenciar o retrato de uma tragédia ecológica, testemunho vivo da incúria dos homens. As águas do rio Piracicaba eram generosas e limpas na maioria de sua extensão. Na foto, vê-se Osório Monteiro bebendo da água do rio com a mão em concha. Vale como comovente registro do passado do rio Piracicaba.
Fertilidade – Está no nome da cidade e no nome do rio o sentido da fertilidade, os peixes vinculados indelevelmente à história piracicabana, à cultura. A foto mostra uma das pescarias daquela excursão, com o varal de peixes retirado do rio, jurupocas – que não existem mais – e as hoje raras piracanjubas.