Os grandes crimes de Piracicaba – parte II

No Semanário A PROVÍNCIA, o advogado João Chiarini recordou crimes que abalaram Piracicaba.

Um outro caso que chocou a cidade foi uma tentativa de homicídio por causa de um acento na palavra psyque (ou psyquê?). O desentendimento aconteceu entre um professor de geografia da Escola Normal Ophicial de Piracicaba, Antonio Moraes Sampaio, e o professor de português Sylvio Aguiar de Souza. Foi em janeiro de 1.935, na esquina da rua XV de Novembro com a praça.

Antonio Moraes estava no bonde que passava por ali, quando foi atingido por um tiro mesmo ferido, desceu do bonde e atingiu Sylvio com o punhal. O caso foi a júri e eles foram condenados com penas brandas, com direito a sursis.

Mas o crime considerado mais violento por João Chiarini foi cometido pelo ex-gerente do Banco do Brasil, Aniceto Monteiro, que morava onde ficava a casa do bispo, na rua Governador com a Regente Feijó.

Aniceto procurou o namorado da filha, o acadêmico Borbinha, na rua Prudente de Moraes, esquina com a Benjamim Constant, onde havia uma república de estudantes da Escola Luiz de Queiroz. Assim que o moço apareceu em sua frente ele, sem titubiar, atirou matando o estudante.

“Borbinha tinha desmanchado o namoro com sua filha, uma das moças mais bonitas da cidade”.

O crime revoltou a população. Borbinha não teve tempo nem perspectiva de defesa.

O julgamento de Aniceto durou 27 horas e aconteceu na rua Santo Antonio, onde está instalada a Caixa Econômica Estadual. Aniceto Monteiro gastou uma fortuna para contratar os trabalhos de um dos maiores e mais conceituados profissionais: o advogado Dante Delmanto.

Sua atuação foi brilhante e mais tarde, Dante Delmanto registrou o crime no livro “Os grandes júris que fiz”.

Um outro crime lembrado por João Chiarini foi de Carlos Raya que matou “com desafeto” sua amiga. Foi num bordeI que ficava na rua São José. “Na rua Benjamim Constant, entre a São José e a rua Regente Feijó, eram só bordéis” como recorda o advogado. Num deles, segundo ele, era o local de reunião dos Partido Comunista. “Os integrantes se reuniam camufladamente sem que a polícia os descobrisse”. Ninguém ousava passar pela rua Benjamim antigamente; as pessoas subiam pela rua Moraes Barros. Carlos Raya, que foi o primeiro soldado a alistar-se como voluntários para a revolução de 32, encontrou sua amiga com outro homem e “com toda valentia a matou”. Foi condenado a seis anos de prisão e cumpriu um terço de sua pena.

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