A HISTÓRIA QUE EU SEI (LXXVI)

Rípoli, o alvo
Os militares de Campinas enviavam sinais claros de que não aceitariam Romeu Ítalo Rípoli como Presidente da Câmara de Piracicaba. Após muitos anos de intrigas e retaliações, a inimizade entre Rípoli e João Guidotti – além dos ataques sistemáticos que Rípoli fazia contra Francisco Antonio Coelho e o Tenente Alfredo Mansur – tinha transformado aquele político no alvo preferencial dos militares. Salgot Castillon e a ARENA, por conseguinte, sofriam pressões cada vez maiores vindas de Campinas.

Ocorria, no entanto, que Salgot não tivera influência sobre a escolha de Rípoli para a Presidência da Câmara, uma decisão que fora patrocinada pelo deputado Domingos José Aldrovandi e Luiz Guidotti, a quem mais interessava a direção da mesa da Câmara Municipal.

O recado veio direto, através do vereador José Alcarde Corrêa: o 5Q-G-CAN vetava o nome de Rípoli. Mais ainda: José Alcarde recusava-se a atender a determinação do partido e estava pronto a aliar-se ao MDB, elegendo Francisco Antonio Coelho para a Presidência da Câmara. Houve grandes discussões, Domingos José Aldrovandi decidiu manter a decisão, José Alcarde Corrêa foi expulso da ARENA, tendo, depois retomado por decisão da Justiça. Enfrentando a oposição dos militares, a bancada de vereadores da ARENA conduziu Romeu Ítalo Rípoli à Presidência da Câmara Municipal.

E aí a confusão aumentou ainda mais. Mesmo sabendo dos problemas em tomo de seu nome, Romeu Ítalo Rípoli confiava em suas “convicções revolucionárias”. Tinha-se aliado a um militar com vínculos familiares em Piracicaba, Paulo Ferraz, e com ele buscava orientações. Insistia nas denúncias contra Alfredo Mansur e Francisco Antonio Coelho, determinando abertura de um processo contra este, pela rasura de atas na Câmara Municipal e contratação de “funcionários-fantasmas”. Quanto mais Rípoli agia, mais as pressões aumentavam contra Salgot Castillon e a ARENA.

Finalmente, após o afastamento do Presidente Costa e Silva, o troco chegava: militares invadiram a casa de Romeu Ítalo Rípoli e, numa “razzia” humilhante, levaram todos os documentos que encontraram.

Rípoli não resistiu ao impacto. Ficou doente, caindo em profunda depressão, afastando-se da Câmara Municipal. O golpe fora difícil de ser absorvido. Muitos meses depois, ele receberia uma carta em que o Exército declarava nada ter encontrado de irregular em suas atividades.

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