Palacete do Clube de Campo se torna patrimônio de Piracicaba
O Palacete Rodolpho de Lara Campos, conhecido como Casarão do Clube de Campo de Piracicaba (CCP), é o mais novo patrimônio arquitetônico e histórico da cidade. O ato oficial de tombamento autorizado pelo Codepac (Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Piracicaba), foi realizado na manhã de sábado, 3/12, nas dependências do clube. Estavam presentes o prefeito Gabriel Ferrato, o presidente do Codepac e Procurador Geral do Município, Mauro Rontani, a secretária da Ação Cultural, Rosângela Camolese, o vereador Pedro Cruz, representando a Câmara de Vereadores, secretários municipais, o presidente do CCP, José Fernando Maniero, e associados.
O decreto 16.865, de 1º de dezembro de 2016 foi assinado pelo prefeito, pela secretária da Ação Cultural e pelo presidente do Codepac, que receberam um exemplar do livro A História do Clube de Campo – 50 anos.
O prefeito destacou o projeto arquitetônico do imóvel que preserva a memória histórica da cidade. Fez um comparativo citando que, geralmente, quando as pessoas viajam para o exterior, primeiramente elas visitam as áreas históricas preservadas. “Temos que ter esse compromisso na cidade, no sentido de preservar os patrimônios naturais e culturais”, disse Ferrato. Ele observa que o palacete é um dos mais importantes e imponentes símbolos da história e da memória de Piracicaba. “Ao realizarmos o seu tombamento reconhecemos o seu valor histórico e garantimos sua preservação, assim como ocorreu com o patrimônio imaterial do sotaque e dialeto capira”.
Rosângela Camolese observou que o casarão tem envolvimento com a história e por isso deve ser preservado. “A salvaguarda de um imóvel como esse é motivo de orgulho, já que muitos municípios com imóveis semelhantes não conseguem tombá-los por não ter um Conselho de Defesa do Patrimônio atuante como o de Piracicaba, constituído por voluntários, como engenheiros, arquitetos, historiadores, pesquisadores e advogados, que se reúnem uma vez por mês para ajudar nos direcionamentos relativos a tombamentos de monumentos e imóveis e bens imateriais. Esse é mais um espaço tombado dentro de critérios rígidos”.
A secretária também destaca que, agora tombado, se ampliam as possibilidades do clube buscar, por meio de leis de incentivo, um projeto para que se restaure ou mantenha as suas caractéristicas, sempre com a anuência e aprovação do Codepac.
Segundo Mauro Rontani o Clube de Campo sempre manteve as características originais do casarão desde sua fundação e o município achou pertinente fazer o tombamento e dar este presente não ao clube, mas à cidade. Ele destacou que para o tombamento ocorrer, em um primeiro momento, é analisada a sua importância histórica e o que representa além da questão arquitetônica. “Tombamento não é só de imóveis (material). Temos também o tombamento imaterial, como feito recentemente com o dialeto caipiracicabano. São bens tombados do município, como a dança da umbigada e a Festa do Divino, para que a cidade saiba de sua existência e dê o seu real valor”.
O presidente do Codepac explica que o tombamento segue um rito de várias etapas, levando em média seis meses para ser concluído. Primeiramente, o Departamento do Patrimônio Histórico da Prefeitura propôs a abertura do processo, que levado ao Codepac foi aprovado em reunião ordinária da entidade. Posteriormente, o Conselho fez a comunicação às autoridades da cidade e o processo seguiu instruído por documentos que justificassem o tombamento. Finalmente, o DPH (Departamento de Patrimônio Histórico do IPPLAP (Instituto de Pesquisas e Planejamento de Piracicaba) emitiu o parecer final com a documentação reunida, que foi encaminhado ao Executivo para assinatura do Decreto Municipal de Tombamento do imóvel, posteriormente registrado no Livro Tombo do Codepac.
Para o presidente do CCP, José Fernando Maniero, “ter o tombamento do Palacete devidamente aprovado representa possuir um bem de relevância cultural e arquitetônica para a cidade e sua população”. Segundo ele, “demonstra que o CCP tem compromisso com a sua história de fundação e com Piracicaba, não sendo somente um clube social, mas também com preocupação cultural”, definiu.
DESTAQUE ARQUITETÔNICO – Com seu aspecto arquitetônico imponente, respeitável e belo, dotado de dois pisos acima do porão, a construção prestou-se perfeitamente às finalidades iniciais da fundação do Clube, sendo utilizado como a primeira sede social da entidade. Obra grandiosa, com muitas divisões internas, provido de várias entradas no primeiro piso, quase todo circundado por uma bela varanda típica dos palacetes projetados para os expoentes do agronegócio do final do século XIX.
Hoje, além de comportar alguns escritórios da administração do CCP, o Casarão recebe eventos onde os associados e seus convidados podem imergir em um pedaço do passado recheado de obras de arte adquiridas em seis décadas de história. Agora, o próprio prédio adquire status de relíquia a ser preservada.
O prédio, que tem diversas entradas no primeiro piso, sendo a principal com escadaria na frente, é rodeado por uma varanda. Atualmente, além de comportar obras do pintor e desenhista cearense Vicente Leite, entre outros artistas, tem alguns escritórios da administração do Clube de Campo e sedia eventos da instituição.