Coluna ContraPonto: Caricatura de nós mesmos
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A sociedade sugere ao observador atento da mímica dos símios um parentesco entre estes e os seres humanos; parentesco que, devido à condição servil daqueles, é mais marcante do que o estágio evolutivo da alma, para a maioria das pessoas. Para a grande maioria. Assim como há muitas variedades do macaco, há muitas do ser humano. Há os mansos e pacíficos – intocados pela malícia – , mas também há os que sofrem da infecção do preconceito e do ódio; e os corruptos por natureza.
Os homens esclarecidos deveriam estar livres de preconceitos e superstições de toda espécie. Entretanto, embora o pensamento e a opinião sejam agora livres, o que se vê são ações de má fé a preservar tudo aquilo que interessa aos que estão no comando do domínio e do poder; e um bando de pseudosábios, pseudoespertos e perfeitos ignorantes – cegos seguidores teleguiados pela tecnologia de comunicações eletrônicas de massa – a seguir a multidão dos manobrados. Os homens de hoje – embora sejam os mesmos homens de outrora, distante ou próxima – pouco diferem na sua essência egoística.
Os sonhadores utópicos vivem a pensar que o homem sempre se modifica com a evolução e o desenvolvimento de novas ideias, porém – é inútil agora negar – concedendo-se um grande desconto à fraude inteligente, o que resta é muito sério e está escancarado aos olhos dos indignados e impotentes conformados. O ridículo é mais do que a maioria deles pode suportar. O momento exige homens de rara integridade, combinada com um grau de coragem que, em face da indigeribilidade dos assuntos, se pode qualificar de heroica. Um heroísmo, porém, genuíno, não aquele fabricado pelas mídias, tão repulsivo em suas arrogantes e vulgares manifestações de poder relativo e temporal a agradar criados e criadas histéricas; e para dar fortuna aos sonâmbulos profissionais.
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DOENÇA E DOENTE
Carne fraca e moral fraca combinam? O que se deve “matar”: a doença ou o doente?
O triste episódio de mais um capítulo do teatro do ridículo e da encenação falsa do picadeiro Brasil parece vir – mais uma vez – a desviar a atenção da manipulável opinião pública nacional. No momento em que figurões da política – agora não mais petistas -, ídolos dos oxigenados da petulância do falso saber e do ter, passam a virar manchetes – poucas manchetes muito bem e convenientemente abafadas- não causa estranheza a divulgação de algo espetaculoso que mexe com o imaginário e o emocional das pessoas e as colocam em alerta total, ao que se pode interpretar.
Muito se especula que, ao parecer não se importar se a escandalização de um caso de polícia, e da Anvisa – ao que se pode também interpretar- vá atingir o principal pilar da economia do País, sustentáculo do agronegócio mais exportador do planeta, as ações da operação designada “Carne Fraca” pode, involuntariamente, estar influenciando a geopolítica. Nesse caso, e por isso mesmo, deixam-nos muitos elementos suscetíveis de questionamentos. Desnecessário dizer das consequências do que pode ser especulado como obscura e insana divulgação explosiva de crimes dessa natureza, promovida por quem quer que seja; a menos que por trás possa, de fato ou de forma especulativa, haver um interesse geopolítico de dimensões inimagináveis para o cidadão comum; alheio e à sombra da operação da Polícia Federal.
Nessa linha de raciocínio, a que prestador de serviços, comerciante ou industrial interessa um concorrente bem defronte ao seu negócio? Por que interessaria, às grandes potências do planeta, um país emergente – riquíssimo em petróleo, ferro, urânio, nióbio, diamante e outras tantas jazidas minerais de valores incalculáveis, detentor de um agronegócio pujante e bilionário – ganhar cada vez mais espaço no comércio mundial? Não seria interessante barrá-lo de alguma forma, sucateá-lo e adquirir os seus bens e riquezas na “bacia das almas”? Mesmo que para isso tivessem que infiltrar e financiar agentes – públicos e/ou privados – para tal missão, como fartamente ocorrido na História? É legítimo pensar se seriam, essas especulações, razoáveis, ou não?
Fica difícil entender que, para se curar o doente, tenha que se o matar; difícil entender o porquê de não se ter tido o cuidado de preservar o “doente”, matando apenas a doença, numa interpretação livre dos fatos. A menos que – se possa também inferir -, por trás de tudo isso esteja em curso uma maquinação malévola ligando esse setor do agronegócio aos seus financiamentos providos pelo BNDES, que tinha em Lula seu grande incentivador, que será candidato à presidência da República em 2018, que (parece) tem que ser impedido, custe o que custar; e que…; que…; que…, a poder configurar, então, uma tremenda e indizível ação antiBrasil. Pior para os fatos e para os mestres das escandalizações irresponsáveis.
Tomara que tudo aqui refletido seja apenas especulação; e que não seja mais um boi de piranha; um desviador de atenções. A menos que, ainda especulando, esteja em curso um golpe dentro do golpe; a iniciar pela desestabilização do governo golpista de Michel Temer. Só que, também nesse caso, padece a Nação. Nação que sangra dia após dia, desde o golpe que destituiu Dilma Rousseff.
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FRASE DE HOJE: “Prefiro a nobre conduta de Emerson [escritor, e filósofo estadunidense, 1803-1882] quando, depois de vários desencantos, ele exclama: ’Anelo pela Verdade’. A satisfação do verdadeiro heroísmo visita o coração daquele que está realmente qualificado para falar dessa maneira.” (John Tyndall, físico britânico, 1820-1893, in Fragments of Science, Introdução à Parte II)