Consultório sentimental

Os textos de diferentes autores publicados nesta seção não traduzem, necessariamente, a opinião do site. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

Vou abrir um consultório. Sentimental. E virtual. Passarei a dar conselhos sobre questões diversas, sobretudo às do coração. Tipo você me escreve, conta-me seu problema e eu respondo. Não cobro nada. E você se desabafa, lava a sua alma.

A esta altura da corrida, com a autoridade que os anos nos conferem, julgo ter aprendido algumas coisas essenciais. Talvez possa ajudar as pessoas. Eis aí um sentido para a vida? Tenho residência fixa, sou religiosa, fui casada por 36 anos e hoje sou viúva. Simples como as pombas e prudente como as serpentes. E não sou boba nem nada.

Meus créditos nos textos atestam que sou formada em Pedagogia e Orientação Educacional. Educacional, não sexual. Mas pode perguntar sobre sexo também. Contudo, na argúcia exigida pelos tempos de hoje, você já deve ter as informações necessárias e já leu todos os livros que eu li.

Mas, que palavras mandar para a mulher casada que se apaixonou por outro homem? Acontece nas melhores famílias. E nos mais sólidos corações. “E o outro, meu anjo, como ele é?”. Vem a resposta, entrecortada por reticências: “É casado também…”. Sinto a terra tremer. “E ele está apaixonado por você?”.  Ela acha que sim…

Conheci um pedreiro cheio de sabedoria, com teorias incríveis acerca do casamento e suas variantes. Uma pessoa casada que se apaixona por outra corre o risco de sofrer uma morte natural súbita. De tanto pensar no outro. Morre de ficar pensando. E ninguém sabe do que morreu. Só você, Chico!

Há casos em que um dos cônjuges se apaixona por outra pessoa, mas não deseja a separação, não cria nenhum conflito no casamento, se mantém fiel, quietinho, guardando em segredo a paixão proibida. Por décadas a fio. Com o coração estraçalhado, mas sobrevive. É uma luta contra a própria alma, contudo é uma escolha pessoal de vida e isso tem o seu valor, a sua glória particular, a beleza de sofrer em silêncio. “Não posso me separar, eu amo os meus filhos e a minha família”. Tem todo o meu respeito e minha mais profunda admiração.

Bom, na mesma velocidade com que abri o consultório sentimental, eu o fecho. Baixei as portas virtuais, bem no final desta crônica. Foi apenas uma proposta, a pretexto de um texto. Mas, as portas reais continuam abertas aos que buscarem em mim uma palavra de conforto, de consolo e de esperança. Consegui ajudar algumas pessoas, mesmo via e-mail, e a gratificação é intraduzível. Vejo que, humildemente, alcancei o sonho dos telejornais e dos “âncoras”: passar credibilidade. É nóis, Boris Casoy.

Credibilidade, confiança e respeito. Mas, sobretudo, a postura equilibrada e amorosa de quem entende que com a vida não se brinca.

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