Francisco de Assis, o Poeta da Criação
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Ontem choveu… Hoje faz sol… E a luz do dia saúda, reverente, a Primavera! Após alguns dias de vento e frio, de árvores recolhidas e amuadas, o vento impiedoso eriçando e atirando flores e folhas pelo chão, ela chegou, exuberante, ressaltando os contrastes. A natureza, como a vida em suas mutações e variedades, se fosse uniforme, acomodaria o olhar e ele se quedaria, indolente e desinteressado, sem estímulos…
O pensamento caminha longe, percorrendo uma das regiões mais belas do mundo, berço de grandes artistas e do Poeta Maior, aquele que, como ninguém, cantou a natureza e a criação: Francisco de Assis!
…Seu berço está encastoado no alto de uma colina, rodeado de uma vegetação luxuriante, em ondulação caprichosa, cheia de surpresas que embriagam a vista. Pequeninas fontes, riachos mansinhos, emoldurados de arbustos formando pequenos caramanchões que, de repente, se abrem para mostrar um céu muito azul e uma queda dágua minúscula abrindo círculos prateados onde cisnes e patos selvagens espadanam, eriçando as asas. A atmosfera é translúcida, e o céu invade o coração: o dia chega radioso, transportado por Irmão Sol e Irmã Luz. Quanta beleza e simplicidade nessa fraternidade de Francisco!
Em cada pedra das ladeiras, em cada flor, gerânios e rosas debruçados pelas jardineiras sob janelinhas de casas de teto baixo; em cada chafariz que murmura suave; nos olhinhos espertos dos pombos espiando pelos beirais dos telhados; por detrás dos muros, dos portões e das arcadas medievais, a presença do santo é quase concreta. O olhar curioso deseja surpreendê-lo para dizer-lhe que aprendeu com ele a mais sábia de todas as lições: o amor à natureza e à criação.
O legado dessa vida imensa e generosa, despojada de todo apego deveria vir de uma região como a Úmbria, e não foi por acaso que Deus a escolheu para morada do “poverello”, o santo que viveu entre os mais pobres e doentes, os leprosos…Para compensar essas asperezas, deu-lhe de presente a natureza, seus animais, seus pássaros, suas flores… A pobreza evangélica extrema, ao lado da maior riqueza que a poucos é dado possuir: o dom de ver com olhos puros e novos, olhos de criança, olhos de Deus! Sua alma se abria sorrindo, animando as coisas ao redor e compondo a mais bela poesia à Criação, transformando-a no paraíso…Foi também nesse pequenino paraíso que ele concebeu o primeiro Presépio.Um permanente hino ao amor que brotava perfeito,num tom incomparável descendo do céu e inundando a terra de simplicidade, ternura e gratidão.
Impossível não unir a primavera ao Poeta que mais divinamente a cantou, com inocência e grandeza…Impossível não lhe pedir, de mãos postas, essa poesia tão cara e necessária ao coração dos homens!…
Myria, parabéns pelo texto maravilhoso!!!
Como filha de São Francisco, na Ordem Terceira Secular, não posso deixar de comentar a beleza desta sua crônica.
"Senhor, fazei-me instrumento de Vossa paz! / Onde houver ódio / que eu leve o amor…" – a música é tão bela e a cantamos em honra ao santo que amamos com devoção.
São Francisco, rogai por nós!
Um forte abraço da Marisa