O poder da ideologia

Cena do filme “The Devil’s Mistress”, de Filip Renc. (imagem: reprodução Google)

Quem deseja entender melhor como a ideologia pode construir ou destruir a vida de uma pessoa precisa ver o filme “The Devil’s Mistress”, de Filip Renc. A obra conta a trajetória da atriz checa Lída Baarová, que foi, durante um par de anos, amante de Joseph Goebbels, o poderoso Ministro de Propaganda do nazismo.

A ascensão da atriz em sua terra natal, a chegada à Alemanha, o relacionamento com o nazismo e a derrocada, quando a esposa de Goebbels solicitou a Hitler que ele tomasse providências para interromper aquela relação fora do casamento com uma estrangeira, o que envergonharia o povo alemão, mostra como o poder faz nascer ou enterra reputações.

Um ponto muito interessante a ser discutido é verificar como Lída cai em desgraça. Após ser abandonada por Goebbels, entra em uma jornada de sucessivas rejeições. Os nazistas a abandonam por ser amante de um de seus líderes, os checos a condenam por ter dormido com o inimigo e, mesmo em sua família, a atriz enfrenta resistências ao retorno.

Começa então uma peregrinação por diversos países europeus, como Áustria, e nas Américas, na Argentina. Ao final da vida, Lída consegue se restabelecer, até lançando um premiado livro de memórias. O filme, acima de tudo, uma jornada de escolhas, guiadas pelo coração e também pelo interesse de estar apostando nas fichas certas. Mas os jogos da vida viram…

*Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Coordena o projeto @arteemtempodecoronavirus e é responsável pelo site www.oscardambrosio.com.br