Papos e fatos

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1. Em manifestações a favor de aborto, vejo mulheres dizendo que por serem donas do próprio corpo, têm o direito de dispor dele como quiserem inclusive interromper uma gravidez indesejada. Como naturalmente nenhuma mulher fica grávida na marra – exceto sob violência ou ameaça – pergunto se na hora da transa ela era ou não dona do próprio corpo, e se o cara com ela transou prestava para assumir as consequências do ato ou simplesmente eram dois irresponsáveis procurando satisfação da própria libido.

2. Moradores da Rua do Porto e comerciantes se queixam da insegurança. Esse problema não é de hoje e pensei que tivesse sido sanado com a construção do curioso farol erguido na administração passada. Aliás, aquele farol acende? Acho que está na hora de Piracicaba pleitear espaço no rol do turismo internacional. Afinal temos um ‘Farol de Alexandria’, uma ‘Torre de Babel’ porque já vem dando confusão, um ‘Arco do Triunfo’ sobre a nova ponte, um Aquário, um Teatro estilo Sala São Paulo, uma Passarela Pênsil estaiada, a ‘mais arrojada obra da América Latina’ e a favela Portelinha.

3. Após polêmica, a Mesa da Câmara apresentou e aprovou outro projeto contra nepotismo, certamente para limpar a barra dos omissos ausentes e dos que votaram contra o primeiro. Derrubaram o que já havia sido aprovado pelas comissões e entraram com outro, ao que parece menos abrangente. Essa gente tem tempo e recursos para jogar fora. Aquele lugar parece uma vitrine de egos e uma arena de vaidades. Um quer apagar a luz do outro. Acho aquele crucifixo pendurado no lado direito do plenário um dos mais belos que conheço. Porém, de longe, parece que o Cristo está em agonia eterna. Não se sente bem naquele lugar. Talvez pela falta de solidariedade, companheirismo e interesse no bem estar da população, especialmente a mais sofrida.

4. Em Piracicaba, condomínios viram alvos de assaltantes. Condômino conta que se mudou para condomínio fechado a fim de ficar mais seguro e mesmo assim sofre com a violência. O cidadão que assim falou não se tocou que residenciais exclusivos são uma forma de violência porque formam ilhas de privilegiados dentro da cidade e isso provoca despeito. Ademais pensar somente em si também é um tipo de violência. Portanto, morar em condomínios fechados para se livrar dos problemas sociais, além de ingenuidade, é o mesmo que enterrar a cabeça na areia e ficar com o rabo pra fora.

5. Fui a numa festa de casamento. Estava muito bonita, chique mesmo. À mesa sentaram-se amigos e pessoas desconhecidas. O papo rolava solto. Velhas amizades se fortalecendo e novas nascendo. De repente chega o “mané” do som. Começou baixo. Precisamos erguer um pouco a voz para que o papo continuasse. O “mané” ergueu o som mais ainda. Mandamos recado para que abaixasse um pouco. Mas o toupeira nem deu ouvido – devia ser surdo. Precisávamos quase berrar para nos entender. Cansou. A mudez foi tomando conta da mesa. Fui embora antes da hora. Afinal, o melhor de uma festa não é a música – as de hoje menos ainda – e nem a comida, é o encontro.

6. Li no jornal que uma criança de 4 anos fugiu da creche municipal e ninguém viu. Felizmente tudo acabou bem. Imaginem vocês se essa criança gostava da escola. Como – grosso modo falando – a Escola de hoje, atrasada no tempo e no espaço, pensada por adultos para ‘domesticar’ as crianças vai dar conta dessa geração, que com menos de dois anos ‘sabe tudo’, como dizem não sem espanto, os pais?

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