Queda d’água
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No caminho do riacho
Me descobri de mãos dadas
E no envolto das pegadas
Era só beira e despacho
Na medida que seguia
Me via preso no olhar
E antes do mundo girar
Recriei minha alegria
Alegria que resguardo
Calado, mudo e disperso
Por saber que o doce verso
Inda habita sem ser fardo
Quedas como contratempo;
Tal caminho findou cedo
Mas o amor é tal rochedo
Que resiste a qualquer tempo
Mas na chegada do poço
A queda ficou mais bela
Fiz meus olhos búzios dela
Fiz moço-menino-moço
Espantei todo quebranto
Com a bênção de Mãe D’água
E, pra não se tornar mágoa,
Gravei teu nome num canto
Borboletas sentinelas –
Azuis, vigias curiosas;
Na morena, mar de rosas
– Sei qu’inda hoje remoelas
Inda peço aos orixás
A queda d’água madrinha
Qual fui rei d’uma rainha
Qu’inda vê o que me faz