A HISTÓRIA QUE EU SEI (LXXVII)

Relações Salgot-Padovani
As relações políticas e pessoais entre o Prefeito Salgot Castillon e o vice-Prefeito Cássio Paschoal Padovani não eram das melhores. Eram temperamentos conflitantes. Salgot era um político nato, com grande facilidade de comunicação com as pessoas; sio Padovani era homem prático, passional, agressivo. Desde a campanha em que ambos se elegeram, as relações estavam tensas, devido à carta que Cássio enviara a Salgot. Um outro incidente, após a posse, deteriorou de vez as relações entre o prefeito e o vice-prefeito. Tratava-se da nomeação da própria filha de Cássio Paschoal Padovani para o Parque Infantil. Tudo começara ainda ao tempo de Nélio Ferraz de Arruda na Prefeitura. Cássio alegava que a diretora do Parque, Cacilda de Azevedo Cavaggioni, estava perseguindo a moça, que trabalhava num projeto infantil. Levou o problema a Nélio Ferraz de Arruda, que era o prefeito da época. Nélio e Cássio eram amigos pessoais, tinham sido colegas de infância e de magistério. Nélio convocou Cacilda Cavaggioni e esta mostrou que apenas estava seguindo a legislação, que não havia perseguições.

Cássio não se convenceu e, sentindo-se perseguido, rompeu com Nélio Arruda. E o mesmo assunto voltou à tona quando Salgot Castillon tomou posse: Cássio queria explicações, continuava julgando-se perseguido e prejudicado. No entanto, havia, realmente, uma lei que impedia a efetivação da moça. Cássio não se conformou ainda outra vez e, como vice-prefeito, rompeu relações também com o prefeito Salgot Castillon.

A crise política era grave, as ameaças de cassação de mandato, permanentes. Nem assim, no entanto, a ARENA conseguia harmonizar-se. E o rompimento de Cássio Padovani com Salgot Castillon criava um outro complicador, pois aquele tinha grande influência sobre a Associação Comercial – da qual havia sido presidente – e aumentava, assim, a hostilidade natural que já existia contra Salgot no chamado “comércio central” da cidade. Além do mais, como presidente da Telefônica Piracicaba, Cássio Padovani tinha laços de grande amizade e relacionamento com os “comendadores”, aqueles que, realmente, definiam as eleições na empresa de telefonia, especialmente o Comendador Antonio Romano, o acionista individualmente majoritário. Na verdade, havia uma incompatibilidade política total – de visão, de base eleitoral, de estilo entre Cássio Paschoal Padovani e Francisco Salgot Castillon. E isso se tomaria público e evidente em Outubro de 1969.

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