Ainda, a propósito de…
Honrado fui com a manifestação de alguns leitores – via meios eletrônicos – quanto ao sueltozinho a respeito de um regime monárquico-parlamentarista para o Brasil. Uns a favor, outros contra. Confesso, porém, ter-me intrigado pela desinformação de um que outro. O assunto é de complexidade sem conto. E isso significa ter, eu, tocado em vespeiro. Mas fazer-se o quê, que há-de? Pois, como jornalista, nada mais fiz além cutucar vespeiros. Mordido fui, muitas vezes; nada, porém, incurável. Mas essa é história inapropriada a sueltos.
Não há confundir-se monarquia constitucional com a absolutista, que é ditadura com outro nome. Há exemplos respeitabilíssimos e exemplares de monarquia parlamentarista nas quais os povos são livres e com direitos civis garantidos. O mundo conhece monarquias extraordinárias em Estados altamente civilizados. O que é o Reino Unido senão milenar testemunho vivo disso: Inglaterra, Irlanda do Norte, Escócia, Pais de Gales? E Espanha, Suécia, Japão, Canadá, Austrália, Belize, Bélgica, Noruega, Nova Zelândia, Países Baixos, além de emirados poderosos, grão-ducados, principados, e, até mesmo, um papado no pequenino mas poderoso Estado do Vaticano? D.Pedro II foi um monarca que dignificou o Brasil.
Basta não ter preguiça e, então, estudar, observar e entender que o Brasil é um somatório, ainda, de imensas capitanias hereditárias, formadas por poucas famílias, empresas e bancos. Renan Calheiros é “rei” de Alagoas e Renanzinho, o filho, o “vice-rei”. Sarney é “rei” do Maranhão e os filhos, príncipes-herdeiros e uma princesa imperial, a Rosane. E, cinicamente, eleitos pelo povo, um povo manipulado. O Brasil já tem reis na economia e na política. Por que não levar isso mais a sério, com mais dignidade, com mais senso de história, com mais honestidade? Um Orleans e Bragança ou um Eduardo Cunha? E já perceberam que Lula parece o “Reizinho” dos gibis?