Chico Buarque além das polêmicas

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“Talvez num tempo da delicadeza”, como ele já escreveu em Todo Sentimento, um novo trabalho de Chico Buarque ganharia melhor acolhida. Hoje é o que temos. Acusações de “machista” para uma canção (Tua Cantiga) em que um homem promete “largar mulher e filhos” pela amante. Seria melhor ele manter duas famílias? Enfim, Chico já ganhou essa pedrada há 40 anos por causa de Mulheres de Atenas, em que “mirem-se no exemplo” era para ser entendida ao contrário. Sintomas de falta de interpretação

Nesses tempos bicudos, em que já não precisa provar mais nada, o poeta retorna, depois de um hiato que quase dez anos. E traz como música título uma crônica que mostra a invasão do povo da periferia aos redutos exclusivos do litoral. “Com negros torsos nus deixam em polvorosa/ A gente ordeira e virtuosa que apela/ Pra polícia despachar de volta/ O populacho pra favela/ Ou pra Benguela, ou pra Guiné”. A veia política do artista continua provocante e precisa. .

Mostrando o tempo que passa para o artista, hoje Buarque mostra Dueto ao lado da neta, Clara Brown, depois de ter cantado com Nara Leão. Outro neto, Chico Brown, é parceiro em Massarandupió. E ele mostra novas possibilidades amorosas em Blues para Bia, em que o amante não se importa da amada ser lésbica. Para ser degustado com calma.

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