Dicas para comer, divertir-se e vestir-se de graça

O texto abaixo foi publicado em outubro de 1987 no semanário impresso A Província.

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Contar as peripécias de uma pessoa pode ser uma afronta aos bons costumes, mas não há aquele que não se divirta com essas façanhas. Agora, se uma pessoa tem condições de enganar outra, imagine o que, um grupo de jovens pode fazer? As artimanhas são tantas que  A Província resolveu selecionar algumas e, por questão de ética, os nomes não serão revelados. Esses jovens, na faixa dos 25 a 30 anos, são profissionais liberais e — apesar da idade — ocupam cargos de confiança na sociedade.

O grupo é composto por cinco homens. Eles aprontam desde a idade escolar, quando tomavam conhaque na hora do recreio. Escondido da professora, é claro. Mas eles não deixaram a criatividade parar, não. Muito ao contrário. Continuam pregando peças e para animar ainda mais fazem apostas para ver quem consegue se sobressair na arte. E eles têm o líder do grupo que é chamado por todos como o chefe.

E é o chefe que conta as aprontadas. O lugar predileto da turma é a Boate Crocodillus, onde, para se divertirem, é preciso estar com vontade de gastar dinheiro. Como nem sempre estão dispostos a isso, a imaginação do grupo ferve. O Mão-Grande (como é conhecido o mais alto) pára no bar e pede uma bebida. O garçom se vira para prepará-la. O Mão-Grande estende o braço e consegue pegar um litro de uísque, ou para variar, uma garrafa de Campari. Rapidamente, ele passa para o grupo que a esconde. Os jovens vão para o andar superior da boate para beber e sem pagar.

Outra aprontada do grupo na Boate Crocodillus é sair sem pagar. Mas para isso eles levam uma desvantagem: saem sem companheiras. É preciso deixar a namorada na boate ou em casa. Mas esse é outro assunto. Depois que o grupo bebe, dança e come à vontade, deixando o garçom marcar tudo que tem direito no controle, eles simplesmente pulam o muro da Croco.

Para isso é preciso muito tato, primeiro para que os funcionários da boate não os vejam; segundo é preciso saber cair para não se machucar. O bom para eles é que os fundos da boate dá com os fundos do Hotel Beira e, dependendo do horário, ainda podem sentar nas cadeiras que ficam em volta da piscina do hotel, para descansar.

Jantar de graça 

– Vamos comer no Frango Assado?

– Vamos.

Jantar fora não é problema para o grupo de jovens que não se sentem intimidados com uma conta de restaurante. Isso porque sempre pagam um valor irrisório ao que realmente vale. O golpe?

Mas como tem gente curiosa, não? Tudo bem, A Província vai contar qual é. Eles compram o garçom. Brincadeira? Não, não é. Os jovens dão uma grana para o garçom do Frango Assado e comem do bom e do melhor. Pagam a conta pela metade e vão embora satisfeitos.

As travessuras não ficam por aí. Quem já entrou na loja de Calçados Atuante quando há liquidação? Esses jovens já entraram e, apesar de saírem com a sacola cheia, gastam muito pouco. Você quer aprender? Pois bem, aí vai a lição: enquanto o empregado da loja está fazendo a notinha do par de sapatos que um dos moços comprou, os outros começam a colocar dentro da sacola pares de sapatos que estão jogados no chão da loja. Saem satisfeitos e como se fossem os fregueses mais importantes.

Comprar roupa no Jumbo Eletro é a coisa mais fácil do mundo. E a mais econômica também. Quem fala é o chefe do grupo dos jovens, explicando que quando alguém da turma precisa de uma roupa vai ao Jumbo e experimenta. Eles saem, pelo menos, como uma peça nova embaixo da roupa velha. A peça que mais sai do Jumbo Eletro é cueca ou shorts. Mas se a vendedora está ocupada atendendo outro freguês…

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